(conto argelino)
Esta é a aventura do famoso Jouha. Na Argélia chamam-lhe Jha, ou então, Ben Sakrane. Mais a leste, conhecem-no como Nasredin Hodja. Na realidade, trata-se de Till Eulenspiegel ou de Jean le Sot; o louco que vende a sua sabedoria, aquele que zurra como um burro para ser ouvido, e que às vezes é dono de uma esperteza imbatível.
Um dia, Jha encontrou alguns amigos prontos para combater. Tinham escudos, lanças, arcos e aljavas cheias de setas.
— Onde vão nesses preparos? — perguntou-lhes.
— Não sabes que somos soldados profissionais? Vamos tomar parte numa batalha, que promete ser dura!
— Óptimo, eis uma oportunidade para ver o que acontece nessas coisas de que ouvi falar mas que nunca vi com os meus próprios olhos. Deixem-me ir convosco, só desta vez!
— Está bem! És bem-vindo!
E lá foi ele com o pelotão que se ia juntar ao exército no campo de batalha.
A primeira seta acertou-lhe em cheio na testa!
Depressa! Um cirurgião! O médico chegou, examinou o ferido, meneou a cabeça e declarou:
— A ferida é profunda. Vai ser fácil remover a seta. Mas, se tiver a mais ínfima parte de cérebro agarrada, está perdido!
O ferido agarrou na mão do médico e beijou-a, exprimindo a sua “profunda gratidão para com o Mestre”, e declarou:
— Doutor, pode remover a seta sem medo; não vai encontrar nela a mais ínfima parte de cérebro.
— Esteja calado! — disse o médico. — Deixe os especialistas tratarem de si! Como sabe que a seta não atingiu o seu cérebro?
— Sei-o bem demais — disse Jha. — Se eu tivesse a mais pequena partícula de cérebro, nunca teria vindo com os meus amigos.
Margaret Read MacDonald Peace Tales Arkansas, August House Publishers, Inc., 2005
texto - http://contadoresdestorias.wordpress.com
imagem - angelicarantes.blogspot.com
8 comentários:
hahaha boa essa, e bem verdade quantas vezes nos metemos em roubadas pq nos deixamos levar pelos amigos em verdadeiros "programas de indios" kkkkkkkk
Hahaha!
Lição de vida disfarçada de piadinha, hein? Hahaha!
Bjoks!
Olá, Jorge!
Interessante. E nos ensina a atentarmos para as nossas escolhas, a entendermos que a guerra, a violência, só trazem consequencias desastrosas.
Grande abraço
Socorro Melo
Hehe, Jorge, bem legal. Amigo, tem selinho pra você lá no Amadeirado (Seu blog é recomendadíssimo), na página Selos & Cia. Bjkas, com muito amor!
Excelente! Tivesse um pouquinho de inteligência não teria ido. Um abraço,amigo Jorge.
Muito legal!
Um abraço meu querido amigo!!!
Que lindo conto. Quanta verdade!
Maravilhoso!
Beijo
Sol
Muitas vezes não temos muito a oferecer,
ou repartir,mas enquanto existir palavras
que tragam de volta a esperança perdida nas longas
dificuldades da vida,
elas valerão mais do que do qualquer dinheiro ou bem material,
porque renovam a vontade de lutar
até encontrar soluções para nossos problemas.
Algumas palavras, nos momentos certos trazem de volta,
a vontade de viver e tem o poder de transformar
quem está quase desistindo.
Um beijo no coração para sempre sua amiga,Evanir.
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