segunda-feira, 31 de maio de 2010

AUTO_RETRATO


Sempre que a nossa palavra:
censura;
justifica;
levanta;
rebaixa;
deprecia;
restaura;
complica;
auxilia;
apóia;
fere;
abençoa ou condena seja a quem for, estamos fazendo o nosso próprio retrato.

E isso acontece porque
sendo as atitudes,
os pensamentos,
as idéias,
as emoções,
os planos e as intenções dos outros, realidades dos outros - cujas origens autênticas não conseguimos penetrar - toda vez que nos referimos aos outros estamos sempre efetuando a projeção parcial ou total de nós mesmos.

Espírito Albino Teixeira
(Francisco C. Xavier)

endereço e imagem: internet


sexta-feira, 28 de maio de 2010

SELO: ESTE BLOG É UM CHARME


Ganhei este selinho da Zizi, uma amiga maravilhosa, cujo blog é de muita luz e onde me sinto muito bem.
Obrigado, Zizi!!!


http://liztarot.blogspot.com/


A única regra ao receber o presente, é indicar 10 Blog's Charmosos e avisar cada presenteado.

Aqui vão os charmosos:

Teresa Cristina - Fazendo meu caminho
Marcia - Vitrine de prata
Psiquismo Desmistificado - Sentimentos e emoções
ValeriaC - Doce Filosofia
Hana - Paz, Harmonia e Amor
Sara - Saracotear
Maria José - Arca do AutoConhecimento
Jeanne - Doutrina Espírita, Espiritismo, Estudos e Mensagens Espíritas
Vila das Amigas - Vila das Amigas
Renata - Du'Arte


quinta-feira, 27 de maio de 2010

FELICIDADE


Perguntei ao anjo que mora dentro de mim o que é a felicidade.

Ele, sorrindo, apenas com um gesto me mostrou o que estava ao meu redor.

O céu, o vento, as nuvens, as árvores, o chão, a relva, flores, frutos, a terra, os pássaros... Tudo isso que faz parte de mim e não vejo, pois olho com os olhos carnais.

Ainda sorrindo, tomou-me em suas asas potentes, abrigando-me.

Nele vi as faces dos que me são caros, e também dos que danos me causaram e tantos outros que desconheço. Em cada face havia uma luz diferente. Era a luz de cada coração, que mudava de acordo com meu sentimento em relação a essa pessoa.

As que me são caras, tão belas. As que me causaram dano, eram cinza e os demais, sem cor.

Mesmo nada dizendo, entendi que para colorir as demais faces eu teria que mudar os meus sentimentos.

E o anjo que mora dentro de mim se alegrou.


Desconheço o autor



endereço e imagem: internet




terça-feira, 25 de maio de 2010

QUE NADA NOS DETENHA...


Tenha sempre presente que a pele se enruga,
o cabelo embranquece, os dias convertem-se em anos...
Mas o que é importante não muda...
a tua força e convicção não têm idade.

Atrás de cada linha de chegada, há uma de partida.

Atrás de cada conquista, vem um novo desafio.

Enquanto estiver vivo, sinta-se vivo.

Se sentir saudades do que fazia, volte a fazê-lo.

Não viva de fotografias amareladas...

Continue, quando todos esperam que desista.

Não deixe que enferruje o ferro que existe em você.

Faça com que, em vez de pena,

tenham respeito por você.

Quando não conseguir correr através dos anos, trote.

Quando não conseguir trotar, caminhe.

Quando não conseguir caminhar, use uma bengala.

Mas nunca, nunca se detenha!


Madre Tereza de Calcutá


endereço e imagem: internet

sábado, 22 de maio de 2010

NÃO SEI


MAX GEHRINGER

Se vc ainda não sabe qual é a sua verdadeira vocação, imagine a seguinte cena:
Você está olhando pela janela, não há nada de especial no céu, somente algumas nuvens aqui e alí... aí chega alguém que também não tem nada para fazer e pergunta:

- Será que vai chover hoje?


Se você responder "com certeza"...a sua área é Vendas:

- o pessoal de Vendas é o único que sempre tem certeza de tudo.


Se a resposta for "sei lá, estou pensando em outra coisa"... então a sua área é Marketing:
- o pessoal de Marketing está sempre pensando no que os outros não estão pensando.

Se você responder "sim há uma boa probabilidade"...você é da área de Engenharia:

- o pessoal da Engenharia está sempre disposto a transformar o universo em números.

Se a resposta for "depende"...você nasceu para Recursos Humanos:

- uma área em que qualquer fato sempre estará na dependência de outros fatos.


Se você responder "ah, a meteorologia diz que não"...você é da área de Contabilidade:

- o pessoal da Contabilidade sempre confia mais nos dados no que nos próprios olhos.


Se a resposta for "sei lá, mas por via das dúvidas eu trouxe um guarda-chuvas":

- então seu lugar é na área Financeira que deve estar sempre bem preparada
para qualquer virada de tempo.

Agora, se você responder "não sei" há uma boa chance que você tenha uma carreira de sucesso e acabe chegando à diretoria da empresa.

De cada 100 pessoas, só uma tem a coragem de responder "não sei" quando não sabe.

Os outros 99 sempre acham que precisam ter uma resposta pronta, seja ela qual for, para qualquer situação.


"Não sei", é sempre uma resposta que economiza o tempo de todo mundo e pré dispõe os envolvidos a conseguir dados mais concretos antes de tomar uma decisão.
Parece simples, mas responder "não sei" é uma das coisas mais difíceis de se aprender na vida corporativa.
Por quê?

Eu sinceramente "não sei".



endereço: http://textos_legais.sites.uol.com.br/nao_sei.htm
imagem: lembrancaeterna.wordpress.com



quinta-feira, 20 de maio de 2010

AS JANELAS DOURADAS


O menino trabalhava arduamente durante todo o dia, no campo, no estábulo e no armazém, pois os pais eram fazendeiros pobres e não podiam pagar a um ajudante. Mas, quando o sol se punha, o pai deixava-lhe aquela hora só para ele. O menino subia ao alto de um morro e ficava a olhar para um outro morro, alguns quilómetros ao longe. Nesse morro distante, via uma casa com janelas de ouro resplandecente e de diamantes. As janelas brilhavam e reluziam tanto que ele era obrigado a piscar os olhos. Mas, pouco depois, ao que parecia, as pessoas da casa fechavam as janelas por fora, e então a casa ficava igual a qualquer casa comum de fazenda. O menino achava que faziam isso por ser hora de jantar; então voltava para casa, jantava e ia deitar-se. Um dia, o pai do menino chamou-o e disse-lhe:

— Tens sido um bom menino e ganhaste um dia livre. Tira esse dia para ti; mas lembra-te de que Deus o deu, e tenta usá-lo para aprenderes alguma coisa boa.

O menino agradeceu ao pai e beijou a mãe. Em seguida partiu, tomando a direcção da casa de janelas douradas.

Foi uma caminhada agradável. Os pés descalços deixavam marcas na poeira branca e, quando olhava para trás, parecia que as pegadas o seguiam, fazendo-lhe companhia. A sombra também caminhava ao seu lado, dançando e correndo, tal como ele. Era muito divertido.

Passado um longo tempo, chegou ao morro verde e alto. Quando subiu ao topo, lá estava a casa. Mas parecia que haviam fechado as janelas, pois ele não viu nada de dourado. Aproximou-se e sentiu vontade de chorar, porque as janelas eram de vidro comum, iguais a qualquer outra, sem nada que fizesse lembrar o ouro.

Uma mulher chegou à porta e olhou carinhosamente para o menino, perguntando o que ele queria.

— Eu vi as janelas de ouro lá do nosso morro — disse ele — e vim de propósito para as ver de perto, mas agora elas são só de vidro!

A mulher meneou a cabeça e riu-se.

— Nós somos fazendeiros pobres — disse — e não poderíamos ter janelas de ouro. E o vidro é muito melhor para se ver através dele!

Convidou o menino a sentar-se no largo degrau de pedra e trouxe-lhe um copo de leite e uma fatia de bolo, dizendo-lhe que descansasse. Chamou então a filha, que era da idade do menino; dirigiu aos dois um aceno afectuoso de cabeça e voltou aos seus afazeres.

A menina estava descalça como ele e usava um vestido de algodão castanho, mas os cabelos eram dourados como as janelas que ele tinha visto e os olhos eram azuis como o céu ao meio-dia. Ela passeou com o menino pela fazenda e mostrou-lhe o seu bezerro preto com uma estrela branca na testa; ele falou do bezerro que tinha em casa, e que era castanho-avermelhado com as quatro patas brancas. Depois de terem comido juntos uma maçã, e se terem assim tornado amigos, ele fez-lhe perguntas sobre as janelas douradas. A menina confirmou, dizendo que sabia tudo sobre elas, mas que ele se tinha enganado na casa.

— Vieste numa direcção completamente errada! — exclamou ela. — Vem comigo, vou-te mostrar a casa de janelas douradas, para ficares a saber onde fica.

Foram para um outeiro que se erguia atrás da casa, e, no caminho, a menina contou que as janelas de ouro só podiam ser vistas a uma certa hora, perto do pôr-do-sol.

— Eu sei, é isso mesmo! — confirmou o menino.

No cimo do outeiro, a menina virou-se e apontou: lá longe, num morro distante, havia uma casa com janelas de ouro resplandecente e de diamantes, exactamente como ele tinha visto. E quando olhou bem, o menino viu que era a sua própria casa!

Apressou-se então a dizer à menina que precisava de se ir embora. Deu-lhe a sua melhor pedrinha, a branca com uma lista vermelha, que trazia há um ano no bolso. Ela deu-lhe três castanhas-da-índia: uma vermelha acetinada, outra pintada e outra branca como leite. Ele deu-lhe um beijo e prometeu voltar, mas não contou o que descobrira. Desceu o morro, enquanto a menina ficava a vê-lo afastar-se, na luz do sol poente.

O caminho de volta era longo e já estava escuro quando chegou à casa dos pais. Mas o lampião e a lareira luziam através das janelas, tornando-as quase tão brilhantes como as vira do outeiro. Quando abriu a porta, a mãe veio beijá-lo e a irmãzinha correu a pendurar-se-lhe ao pescoço; sentado perto da lareira, o pai levantou os olhos e sorriu.

— Tiveste um bom dia? — perguntou a mãe.

— Sim! — o menino passara um dia óptimo.

— E aprendeste alguma coisa? — perguntou o pai.

— Sim! — disse o menino. — Aprendi que a nossa casa tem janelas de ouro e de diamantes.

William J. Bennett
O Livro das Virtudes II – O Compasso Moral
Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1996
adaptação


endereço: http://contadoresdestorias.wordpress.com/2007/11/12/as-janelas-douradas/

imagem: contosdeaula.blogspot.com


terça-feira, 18 de maio de 2010

domingo, 16 de maio de 2010

CONFÚCIO


- A preguiça anda tão devagar, que a miséria facilmente a alcança.

- Aprender sem pensar é inútil; pensar sem aprender, perigoso.

- É melhor acender uma vela do que amaldiçoar a escuridão.

- Escolhe um trabalho que amas e não terás que trabalhar um único dia de sua vida.

- Esquece as injúrias, nunca as amabilidades.

- Estude o passado se quiser decifrar o futuro.

- Há pessoas que choram por saber que rosas têm espinhos; outras há que gargalham de alegria por saber que os espinhos têm rosas.

- Muito sabe quem conhece a própria ignorância.

- Não corrigir nossas faltas é o mesmo que cometer novos erros.

- Não são as más ervas que sufocam o grão; é a negligência do cultivador.

- O homem superior age antes de falar e depois fala de acordo com suas ações.

- Os que conhecem a verdade não são iguais aos que a amam.

- Quando não sabe o que procura, não sabe o que conhece.

- Quando nasceste, todos riam e só tu choravas. Vive de tal modo que, quando morreres, todos chorem e só tu rias...

- Quando vires um homem bom, tenta imitá-lo; quando vires um homem mau, examina-te a ti mesmo.

- Se eu tivesse que escolher uma frase que resumisse todos os meus ensinamentos, eu diria: não deixes o mal dominar os teus pensamentos.

- Ser ofendido não tem importância nenhuma, a não ser que a gente continue a lembrar disso...!

- Transportai um punhado de terra todos os dias e fareis uma montanha.

- Tu és a causa da sua vida.

- Tudo o que muda, permanece.


endereço e imagem: internet

sexta-feira, 14 de maio de 2010

O DIA EM QUE O SOL ENCONTROU-SE COM A LUA


Conta-se, que há muito o Sol andava tristonho pela Terra.
Seus raios, já não eram tão " fortes " como antes e por mais que o fizesse, sempre era encoberto por alguma nuvem escura que percorria o céu num forte vendaval.
Os pássaros, as flores, os animais, todos se questionavam sobre o distanciamento do sol.
Numa manhã; que seria bem mais bonita, se o Sol estivesse com seu esplendor total;uma ave de vôo inigualável chamada Condor; arriscou-se e quis tentar conversar com o astro rei.
O sol percebendo a dificuldade do Condor para se aproximar, tranqüilizou-o dizendo: - Linda ave; de vôo quase perfeito, porque queres chegar a mim, se estou por toda parte deste planeta? O Condor ouvindo a pergunta do Sol lhe respondeu, já exausto pelo vôo: - Gostaria muito de saber o que lhe deixa tristonho. O planeta está quase sem tua luz: os pássaros já não sabem mais para onde ir; as flores, principalmente o girassol; já não sabe mais se fica acordado ou se dorme; os animais já não sabem mais se ficam em suas tocas ou saem para caçar; as lavouras estão se perdendo... Tudo está tão confuso, que resolvi arriscar este vôo e lhe perguntar qual seria o problema.
O Sol percebendo a preocupação do Condor disse-lhe: - Não sabia que estava causando tantos transtornos! Confesso que me absorvi em meus pensamentos, que não me dei conta do que estava fazendo. Posso tentar solucionar isto tudo; prometo tentar... O Condor percebendo a " dúvida " que ficou nas palavras do Sol, ainda insistiu na mesma pergunta: - Mas o que está ocorrendo, que lhe tirou a atenção do resto do mundo? Poderia lhe ajudar, se você me dissesse o motivo.
O Sol ainda encoberto, disse-lhe: - Acho difícil alguém me ajudar... Muito difícil mesmo... E já que está disposto a conversar, diga-me: você já amou alguém Condor?
O Condor apoiou-se nas encostas de uma montanha; abaixou sua cabeça sem olhar para o abismo e respondeu: - Sim, já amei... Amei uma linda ave, que não era um Condor...Amei e sonhei... Muito... E porque você me pergunta isto? Você que é o Sol! Que possui bem mais dotes do que eu; que possui o poder em suas mãos? Não é possível que não consegue conquistar o amor de sua amada? Qualquer dama, se renderia à sua luminosidade; ao seu esplendor; ao seu magnetismo natural; ao seu calor...
E antes mesmo que o Condor continuasse, o Sol o interrompeu dizendo: - Qualquer uma, menos ela...
O Condor já intrigado de tanta curiosidade, então perguntou: - Quem Sol? Quem é ela? Que dama lhe ofusca os olhos?
O Sol, então olhou para o infinito e disse-lhe com o semblante bem tristonho: - A Lua... A Lua, amigo!
Neste instante o Condor em respeito ao Sol, segurou seu sorriso e disse-lhe: - A Lua? Como você apaixonou-se por ela? Como isso aconteceu?
O Sol percebendo o espanto do Condor, lhe respondeu: - Aconteceu, que nos encontramos por algumas vezes... Em frações de segundos em alguns lugares, mas nos encontramos! Por que você está surpreso com isso?
O Condor percebendo que o Sol já estava se exaltando, tentou explicar: - Por favor amigo, não quero que fique nervoso comigo. Apenas estranhei a Lua ser sua amada...
- Como estranhou? Nunca lhe perguntei a quem você amou e se tivesse dado certo, você não me responderia da maneira como me respondeu!
O Condor então disse: - Sim, você está certo... Desculpe-me! O que estranhei, foi que você viu muito pouco esta bela criatura, para poder se apaixonar por ela. Neste instante o Sol então respondeu:
- Sim muito pouco... Muito pouco mesmo... Mas nestas poucas vezes, enxerguei dentro dos olhos dela. Vi toda a beleza que ela trazia dentro de si... Enxerguei o seu coração... Senti-o bem próximo a mim... Acreditei naquele olhar... Vi cumplicidade... Vi entrega... Vi amor...
O Condor, observou que o Sol lhe falava, mas seus olhos ficavam fixos no infinito, procurando talvez os olhos da Lua. Então disse-lhe: - Ora, ora amigo, tenho que pensar em uma maneira de lhe ajudar. E lhe ajudando, estarei sendo ajudado... não só eu, todo o planeta!
O sol com mais emoção então perguntou: - Como você poderá me ajudar?
- Devagar amigo! Primeiro preciso me encontrar com alguns amigos de hábitos noturnos e depois lhe darei a resposta.
E o Condor saiu voando mais que rapidamente e em menos de 5 horas; quase à noitinha, apareceu junto à encosta de uma montanha, onde o Sol já se reclinara para adormecer e disse-lhe: - Veja amigo, o que trouxe junto a mim! São vários amigos de hábitos noturnos e todos eles estão dispostos a lhe ajudar, se você continuar durante o dia no céu, mais forte do que nunca! É esta a única condição imposta por eles, para lhe ajudar!
O sol intrigado com tantos animais ao seu redor, então os perguntou: - Então digam, o que vocês fariam? Neste instante uma coruja, com a fisionomia bem experiente e sábia, disse-lhe: - Levaríamos à Lua, seus recados; suas notícias... Tudo que precisar!
O Sol neste momento bramiu com grande satisfação ao dito pela coruja. E depois sorriu aliviado dizendo: - Então digam a ela uma " coisinha " muito importante; que nunca tive tempo para dizer; pois quando nos víamos, ficava tão preocupado pelo pouco tempo de encontro; que esquecia de lhe dizer... Digam a ela, que a amo! Que a amo, mais do que tudo! Que estarei sempre esperando para nos encontrarmos! Que serei guardião do dia e ela será a guardiã da noite... E trabalhando juntos, os dias e noites se passarão sem erros e nos veremos novamente! E quando nos encontrarmos novamente, a amarei mais e mais... Nem que demore meio século para este encontro, mas a amarei!
Os animais neste instante se emocionaram com a clareza e transparência do Sol. Agora sim, ele foi sincero em seu sentimento. Ele não o escondeu entre as nuvens escuras e não teve medo de falar o que sentia.
E a noite chegou.
A primeira a levar o recado foi a coruja.
Do alto de uma árvore, disse à Lua as palavras do Sol.
Naquela noite, uma chuva muito branda mas " molhada ", molhou a Terra. Cada gota de água da chuva, representava emoções e sensibilidade da Lua. Cada gota de chuva representava lágrimas de amor da Lua! Lágrimas de esperanças... Lágrimas de satisfação... Lágrimas de confiança... Agora a Lua sabia que não estava só... E um dia, se encontraria novamente com o Sol... Nem que demorasse meio século... Mas o encontraria... Na imensidão do tempo...

Márcia Aparecida Silva Zauza


Ao " Sol " e a " Lua " que existem dentro de todo ser humano; que as nuvens e turbulências, apenas dêem um sentido maior a existência desses dois seres!


endereço: www.casadobruxo.com.br
imagem: Internet


quarta-feira, 12 de maio de 2010

A CIDADE DOS POÇOS


Aquela cidade não era habitada por pessoas, como todas as outras cidades do planeta.
Aquela cidade era habitada por poços. Poços vivos… mas afinal poços.
Os poços distinguiam-se entre si não somente pelo lugar onde estavam escavados, mas também pelo parapeito (a abertura que os ligava ao exterior).
Havia poços ricos e ostensivos com parapeitos de mármore e metais preciosos; poços humildes de tijolo e madeira, e outros mais pobres, simples buracos rasos que se abriam na terra.
A comunicação entre os habitantes da cidade fazia-se de parapeito em parapeito, e as notícias corriam rapidamente de ponta a ponta do povoado.
Um dia, chegou à cidade uma «moda» que certamente tinha nascido nalgum pequeno povoado humano.
A nova ideia assinalava que qualquer ser vivo que se prezasse deveria cuidar muito mais do interior do que do exterior. O importante não era o superficial, mas o conteúdo.
Foi assim que os poços começaram a encher-se de coisas.
Alguns enchiam-se de jóias, moedas de ouro e pedras preciosas. Outros, mais práticos, encheram-se de electrodomésticos e aparelhos mecânicos. Outros ainda optaram pela arte, e foram-se enchendo de pinturas, pianos de cauda e sofisticadas esculturas pós-modernas. Finalmente, os intelectuais encheram-se de livros, de manifestos ideológicos e de revistas especializadas.
O tempo passou.
A maioria dos poços encheu-se a tal ponto que já não podia conter mais nada.
Os poços não eram todos iguais, por isso, embora alguns se tenham conformado, outros pensaram no que teriam de fazer para continuar a meter coisas no seu interior…
Um deles foi o primeiro. Em vez de apertar o conteúdo, lembrou-se de aumentar a sua capacidade alargando-se.
Não passou muito tempo até que a ideia começasse a ser imitada. Todos os poços utilizavam grande parte das suas energias a alargar-se para criarem mais espaço no seu interior. Um poço, pequeno e afastado do centro da cidade, começou a ver os seus colegas que se alargavam desmedidamente. Ele pensou que se continuassem a alargar-se daquela maneira, dentro em pouco confundir-se-iam os parapeitos dos vários poços e cada um perderia a sua identidade…
Talvez a partir dessa ideia, ocorreu-lhe que outra maneira de aumentar a sua capacidade seria crescer, mas não em largura, antes em profundidade. Fazer-se mais fundo em vez de mais largo. Depressa se deu conta de que tudo o que tinha dentro dele lhe impedia a tarefa de aprofundar. Se quisesse ser mais profundo, seria necessário esvaziar-se de todo o conteúdo…
A princípio teve medo do vazio. Mas, quando viu que não havia outra possibilidade, depressa meteu mãos à obra.
Vazio de posses, o poço começou a tornar-se profundo, enquanto os outros se apoderavam das coisas das quais ele se tinha despojado…
Um dia, algo surpreendeu o poço que crescia para dentro. Dentro, muito no interior e muito no fundo… encontrou água!
Nunca antes nenhum outro poço tinha encontrado água.
O poço venceu a sua surpresa e começou a brincar com a água do fundo, humedecendo as suas paredes, salpicando o seu parapeito e, por último, atirando a água para fora.
A cidade nunca tinha sido regada a não ser pela chuva, que na verdade era bastante escassa. Por isso, a terra que estava à volta do poço, revitalizada pela água, começou a despertar.
As sementes das suas entranhas brotaram em forma de erva, de trevos, de flores e de hastezinhas delicadas que depois se transformaram em árvores…
A vida explodiu em cores à volta do poço afastado, ao qual começaram a chamar «o Vergel».
Todos lhe perguntavam como tinha conseguido aquele milagre.
— Não é nenhum milagre — respondeu o Vergel. — Deve procurar-se no interior, até ao fundo.
Muitos quiseram seguir o exemplo do Vergel, mas aborreceram-se da ideia quando se deram conta de que para serem mais profundos, se tinham de esvaziar. Continuaram a encher-se cada vez mais de coisas…
No outro extremo da cidade, outro poço decidiu correr também o risco de se esvaziar…
E também começou a escavar…
E também chegou à água…
E também salpicou até ao exterior criando um segundo oásis verde no povoado…
— Que vais fazer quando a água acabar? — perguntavam-lhe.
— Não sei o que se passará — respondia ele. — Mas, por agora, quanto mais água tiro, mais água há.
Passaram-se uns meses antes da grande descoberta.
Um dia, quase por acaso, os dois poços deram-se conta de que a água que tinham encontrado no fundo de si próprios era a mesma…
Que o mesmo rio subterrâneo que passava por um inundava a profundidade do outro.
Deram-se conta de que se abria para eles uma vida nova.
Não somente podiam comunicar um com o outro de parapeito em parapeito, superficialmente, como todos os outros, mas a busca também os tinha feito descobrir um novo e secreto ponto de contacto.
Tinham descoberto a comunicação profunda que somente conseguem aqueles que têm a coragem de se esvaziar de conteúdos e procurar no fundo do seu ser o que têm para dar…


Jorge Bucay

Contos para pensarCascais,

Editora Pergaminho, 2004



IMAGEM: Internet


segunda-feira, 10 de maio de 2010

DRIBLANDO A DOR


Mais de uma vez me recordo. Na infância, quando eu reclamava de alguma dor e como se costuma dizer, fazia corpo mole para não cumprir alguma tarefa,
escutava a história outra vez.
Certa vez, a dor veio visitar a Terra. Vestiu-se de forma adequada e chegou a uma casa
pobre. Havia crianças, uma mulher cansada de tantos afazeres e um homem
marcado pelas horas de trabalho exaustivo.
A dor gostou do lugar e se aninhou no dedão do pé direito daquele pai de família.
Naquele dia, quase noite, ele se recolheu e nem deu muita atenção para a tal
da dor porque o cansaço era maior do que ela.
Mal despertou a madrugada o homem acordou, pulou da cama e começou a se
preparar para sair. Não desejando despertar as crianças e a esposa, ele se ergueu
no escuro e logo bateu o dedão num brinquedo esquecido no chão.
Ai, disse ele baixinho.
- Ui, que dor!
Acariciou o dedo dolorido com a mão calosa e enfiou o pé no calçado.
A dor lhe deu uma espetada. Afinal, ela não estava gostando nada de ficar
ali, apertada. O homem, responsável, saiu mancando.
O dedo latejava. Ele sentiu a dor diminuir um pouco quando tirou o pé do calçado,
no trajeto que fez de ônibus.
Contudo, logo mais chegou ao destino. Calçou o sapato e andou.
Assim foi o dia inteiro.
A dor reclamando, o homem sentindo mas dizendo:
- Eu preciso continuar. Não posso perder este emprego. Meus filhos dependem de mim.
E tudo acontecia. Ora o dedão topava na quina de um móvel,
ora o sapato apertava mais, ora...
A noite surpreendeu o homem na labuta, suando, trabalhando.
A dor já não aguentava mais.
E, quando ao ir para casa, o dedão topou numa pedra do caminho, foi o fim.
A dor ficou muito zangada e disse:
- Vou embora. Este homem não sabe me tratar bem.
E lá se foi. Perto dali, ela encontrou uma casa muito bonita, confortável e entrou.
Um homem estava largado no sofá da sala, assistindo televisão.
A dor gostou de tudo que viu e se instalou no dedão do pé.
- Ai, gritou ele. Que coisa esquisita. Que dor terrível!
Já providenciou uma almofada para acomodar o pé.
Ao recolher-se para dormir, enfaixou o local e no dia seguinte, fez repouso.
E no outro, e no outro.
A dor adorou aquele tratamento vip e tomou uma resolução:
Não saio mais daqui!

Quando a história terminava, eu já sabia que teria que dar conta
das minhas responsabilidades.
Era a forma de minha mãe me ensinar que eu devia ser forte;
que pequenas dores deviam ser suportadas e de forma alguma serem motivo
para não se cumprir as obrigações.
Essa atitude serviu para me tornar alguém com maior capacidade
de suportar reveses e dificuldades.
Quando tudo parecia conspirar contra mim e eu tinha vontade de desistir,
lembrava da história da dor.
E retomava a luta.

Desconheço o Autor


endereço: internet
imagem: juanpablo776.blogspot.com



quinta-feira, 6 de maio de 2010

RETRATO DE MÃE



"Uma mulher existe que, pela imensidão de seu amor, tem um pouco de
Deus, e muito de anjo pela incansável solicitude dos cuidados seus;
uma mulher que, ainda jovem, tem a tranqüila sabedoria de uma anciã e,
na velhice, o admirável vigor da juventude;
se de pouca instrução, desvenda com intuição inexplicável
os segredos da vida e, se muito instruída age
com a simplicidade de menina;
uma mulher que sendo pobre,
tem como recompensa a felicidade dos que ama, e quando rica, todos os
seus tesouros daria para não sofrer no coração a dor da ingratidão;
sendo frágil, consegue reagir com a bravura de um leão;
uma mulher que, enquanto viva, não lhe damos o devido valor,
porque ao seu lado todas as dores são esquecidas; entretanto
quando morta, daríamos tudo o que somos e tudo o que temos para vê-la de
novo ao menos por um só momento, receber dela um só abraço,
e ouvir de seus lábios uma só palavra.
Dessa mulher não me exijas o nome, se não quiseres
que turve de lágrimas esta lembrança,
porque... já a vi passar em meu caminho.
Quando teus filhos já estiverem crescidos, lê para eles estas palavras.
E, enquanto eles cobrem a tua face de beijos, conta-lhes que um humilde
peregrino, em paga da hospedagem recebida, deixou aqui para todos o
esboço do retrato de sua própria mãe."


Tradução do original de D. Ramóm Angel Jara
Bispo e Orador Chileno


endereço: http://www.arteducacao.pro.br/homenagem/Mae/mae.htm
imagem: internet


Uma singela homenagem às mães, que na sua grandeza de alma, a homenagem se torna pequena.
Mas oferecida, de coração, pois um coração de mãe, jamais esquecemos.
Quando falamos da mãe, sempre nos lembramos de Deus, nosso Pai, que nos abençoou com sua presença maravilhosa através dela.

Lembrando da minha doce mãe, coloco minha eterna gratidão em tuas mãos pois se hoje posso dizer que sou gente, é graças ao teu Amor!!
Que Deus a abençoe sempre!!!

Às mamães de ontem, hoje e de amanhã, saudações luminosas!!!

Jorge


terça-feira, 4 de maio de 2010

PENSAMENTOS DE JEAN-JACQUES ROUSSEAU


- A felicidade que preciso não é a de fazer o que quero, mas a de não fazer o que não quero.
- A paciência é amarga, mas seus frutos são doces.
- Devemos corar se cometemos uma falta e não por repará-la.
- Em vão buscaremos ao longe a felicidade, se não a cultivarmos dentro de nós mesmos.
- Não há nada que mais estreite dois corações do que haverem chorado juntos.
- O primeiro passo para o bem é não fazer o mal.
- Quantas injustiças podem ser esquecidas no abraço de um amigo...

Endereço e imagem: internet


domingo, 2 de maio de 2010

HUMOR - MAX GEHRINGER (MEMÓRIAS DO SÉCULO XXI)


As previsões sobre o futuro estão quase sempre erradas. Mas quem disse que é para as pessoas saberem o que vai acontecer com elas amanhã?

Por Max Gehringer

* Em 1999, no auge de uma carreira bem-sucedida que o levou a direção de grandes empresas (Pepsi, Elma Chips e Pullman),
Max Gehringer tomou uma decisão raríssima no mundo corporativo: abriu mão do poder e das mordomias de alto executivo para dedicar seu tempo a escrever e a fazer palestras pelo Brasil.
Max escreve regularmente para VOCÊ S/A, Exame, Revista da Web, VIP e Placar (todas publicadas pela Editora Abril). Recentemente, Max lançou seu segundo livro, Comédia Corporativa (Editora Campus). O humor e a sensibilidade dos textos de Max vem de sua vivência prática num mundo que ele conhece degrau por degrau. Seu primeiro emprego, aos 12 anos, foi de
auxiliar de faxina; o último, presidente da Pullman.

"Hoje é 20 de agosto de 2124, quarta-feira, que no Brasil agora chama Wednesday, já que o português foi oficialmente banido quando nos tornamos 67o Estado dos United States of Wide America, em 2095. Teve quem não gostou, claro, principalmente depois que a Floresta Amazônica virou a Tropica Disney World, mas a maioria apoiou porque finalmente pôde tirar passaporte
americano sem aporrinhação e passou a receber salário em dólar.
É verdade que muitos brasileiros ainda conservam um ranço xenófobo, o que é meu caso, por isso este relatório está sendo escrito em nossa antiga língua-mãe, que eu só domino porque nasci lá no distante 1980. Fiz 144 anos, trabalho há 126, estou forte e saudável, mas já ouço insinuações de que minha carreira entrou no plano vegetativo. A vida corporativa do século XXII não é justa com o pessoal da sexta idade como eu, basta a gente chegar aos 140 e começa a ser discriminado no trabalho...

Os velhos tempos me dão saudade (uma de nossas poucas palavras que entraram no Mega Dicionário Americano, como sinônimo para "senseless feeling"), apesar de quase mais nada ser como era. Por exemplo, eu nasci com unha, cabelo e dente, últimos resquícios de nossa ascendência selvagem.
E na juventude pratiquei zelosamente um ato denominado "sexual" para a reprodução da espécie, coisa que, hoje, a ciência simplificou muito: basta ir a qualquer McDonald's, comprar um kit de óvulo e espermatozóide (o número 3 tem sido o preferido pelos consumidores, porque acompanha uma Coca-Cola grátis) e inseri-lo num tubo plugado a um sistema embrionário - cujo nome técnico é "tamagoshi". Aí, é só redigitar a configuração desejada do genoma e depois ir clicando os comandos para as cargas vitais de proteínas.
Simples. Em seis semanas, aparece a ficha fitoergométrica da criança, os custos de alimentação e educação e a mensagem "Are you sure you want to give birth?" Meu filho mais novo, o 365A27W648, vulgo "8", agora deu de ser curioso e me perguntar por que no meu tempo as coisas eram tão complicadas.
Eu tentei explicar para ele que o tal ato ia além da simples reprodução, que a gente sentia prazer em copular, e ele fez aquela cara de nojo, típica de adolescente recém-saído da universidade. Mas, tudo bem, ele tem só 4 anos, um dia talvez entenda melhor.
Eu sei, estou divagando, desculpem. Não é das reviravoltas da natureza que este relatório trata, e sim das relações no trabalho. Meu hiperboss vai fazer uma apresentação no mês que vem, em Urano - com o criativo título de "Como Enfrentar os Desafios do Século XXII" -, e pediu minha colaboração.
Ele quer mostrar às novas gerações a evolução da interação entre empresas e funcionários ao longo dos últimos 150 anos, desde a chamada "Era Jurássica Trabalhista" (1980-2020) até o aparecimento do "Homo Pizza", no final do século XXI. E me escolheu porque eu vivi todas as etapas do processo, além de ser o único por aqui que ainda sabe usar algarismos romanos.
Então, vamos lá:

TRANSPORTE

Os empregados acordavam de manhã e iam para seu local de trabalho dirigindo um veículo pesadão e lerdo, que funcionava queimando derivados do extinto petróleo, chamado "automóvel" - não sei bem por que esse nome, que significa "move-se por si mesmo", já que o tal veículo só se movia sob comando humano e, algumas vezes, nem assim. Mas a maior dificuldade era enfrentar o
"trânsito", do latim transire, "ir para a frente", e esse era exatamente o problema, já que o trânsito quase nunca ia em frente, e daí originou-se uma frase de uso muito comum, "Atrasei por causa do trânsito", que literalmente significa "Fiquei para trás porque fui para a frente". Ou seja, aquele povo era duro de entender. O mais incrível é que, apesar de tanta confusão e
contrariando a lógica, as pessoas ainda conseguiam chegar ao que chamavam "local de trabalho".

LOCAL

O sistema jurássico de trabalho era coletivo, e as empresas até usavam jargões como "teamwork" para incentivar essas aglomerações, sem atentar para o fato de que elas eram uma fonte de proliferação de micróbios. O ponto de encontro era o escritório, um lugar onde os funcionários escreviam, daí a origem da palavra. Eram áreas enormes, onde pessoas se amontoavam em
cubículos e passavam a maior parte do tempo produzindo "documentos", cuja principal finalidade era a de servir como evidencia física de que as pessoas estavam ocupadas. Após produzidos, os documentos eram imediatamente "arquivados", de preferência em lugares onde nunca mais pudessem ser localizados. Isso na época tinha o mesmo nome de hoje, "burocracia". A
diferença é que os atrasados do século XX faziam tudo com oito cópias, e nós, 150 anos depois, conseguimos reduzir para sete.

INDIVIDUALIDADE

O primeiro passo para erradicar o coletivismo inútil foi o "SoHo" (Small office, Home office), uma sigla surgida aí por 2000, que permitia aos funcionários trabalhar, confortável e produtivamente, em suas próprias casas. No Brasil, uma das conseqüências imediatas do SoHo foi o aparecimento de uma variante esperta, o "SoNo". O que obviamente implicou num aumento
brutal da quantidade de documentos produzidos, porque só assim os chefes acreditariam que seus funcionários estavam acordados em suas casas. Depois do SoHo veio o "SoCo", aí por 2050. O "Co", todo mundo sabe, significa Chip office. Foi quando as corporações conseguiram implantar um microchip em cada funcionário para controlá-lo 24 horas por dia, desde o batimento cardíaco
até o nível de atividade dos neurônios. Uma das características do SoCo que mais agradou as chefias - além do comando de "wake up call" - foi a possibilidade de emitir um choque elétrico remoto quando o funcionário atrasasse a remessa de um documento.

JORNADA

Trabalha-se oficialmente 2 horas por semana, mas já há rumores de que a jornada será reduzido para 100 minutos semanais, o que, tirando o tempo necessário para o sono e as inconveniências fisiológicas - que não sofreram alterações nos últimos 100 000 anos -, dá umas 120 horas ociosas por semana.
O professor Domenico De Masi, que vive em estado de hibernação metafísica na Itália, afirma que isso é um absurdo, e defende a tese de que no futuro trabalharemos 100 minutos por ano. Mas o problema, mesmo, é que nunca conseguimos nos acostumar com o ócio. Por isso, nossa maior fonte de renda atual é a hora extra - fazemos, em média, 14 delas por dia, inclusive aos
sábados.

EFEITOS COLATERAIS

Hoje, as megacorporações vêm se questionando se essa troca do trabalho grupal pelo individual foi realmente um progresso. Primeiro, porque ninguém mais conhece ninguém, já que os "colegas" viraram imagens digitalizadas. Segundo, porque todo mundo ficou sedentário e engordou uma barbaridade. E terceiro porque os antigos executivos eram estressados, e os novos sucumbem
à depressão, o que acarreta muitos suicídios (ou, em linguagem ciberneticamente correta, self.ctrl+alt+del). O maior guru de administração do século XXII - Tom Peters, vivendo confortavelmente em estado gasoso, num tubo de ensaio - publicou recentemente um artigo que está causando uma comoção corporativa. Ele defende a tese de que "nada substitui o contato
humano". Incrível, dizem seus fiéis admiradores, que ninguém tivesse pensado nisso ainda.

EMPREGO

Conseguir um bom emprego hoje em dia não é difícil. O duro é se manter nele, porque as exigências para resultados de curtíssimo prazo aumentam cada vez mais. O tempo médio de permanência num emprego é de 28 horas. Daí o conceito em moda ser o da habilidade para saltar de galho em galho, ou "businessbilidade", que se resume a três fatores: experiência cósmica,
formação galáctica e ser bem relacionado com quem manda.

SEXO

As diferenças entre sexos não são mais limitantes para o preenchimento de um cargo. Não porque tenha acabado a discriminação, mas porque acabaram os sexos. A antiga classificação "masculino/feminino/outros" caiu em desuso a partir do momento em que os assim chamados "homens" e "mulheres" equilibraram seus níveis de testosterona e estrógeno. A ambivalência
chegou a tal ponto que hoje os dicionários só registram a palavra "testículo" como sinônimo de "pequeno teste aplicado a estagiários".

HIERARQUIA

Nos tempos primitivos, as posições hierárquicas eram decididas ou por competência ou por protecionismo. Mas levava vantagem quem acumulava mais diplomas. Tudo mudou a partir do momento em que foi implantado o sistema de "Transferência Integral de Informações", pelo qual qualquer ser humano, quando completa 2 anos de idade, é acoplado a um megacomputador Deep Blue e absorve, em 15 minutos, o conhecimento acumulado pela espécie nos últimos dez milênios. Tem aí uma novíssima teoria dizendo que isso nos transformou numa raça de esponjas, e que o grande diferencial atual é saber pensar por conta própria, em vez de enfiar o dedo no nariz e dar um "retrieve".
Segundo a teoria, há uma minoria de pensantes que consegue se perpetuar nas chefias porque tem "Inteligência Psicoemocional", ou seja, uma combinação balanceada de "instinto", "conhecimento" e "autocontrole". Eu acho que já ouvi isso antes, só que não me lembro bem quando foi.

RELACIONAMENTO

Os funcionários tem abertura para se comunicar fora do trabalho, desde que respeitem o conceito-chave do século XXII Lógica Absoluta, ou seja, os assuntos devem ficar restritos aos negócios. Sentimentos e emoções, manifestações consideradas contraproducentes, estão proibidas desde 2104.
Mas sempre tem quem não sabe aproveitar a liberdade nosso maior problema social são os subversivos que se reúnem escondidos para praticar o maior delito da atualidade: rir e contar piadas. Não é por acaso que o maior best-seller desta semana é o cibertexto de auto-ajuda "Você Pode Ser Feliz, Desde Que Ninguém Saiba".

INFERNET

A arcaica Internet, uma rede de comunicação que causou furor no fim do século XX, e que hoje é citada como exemplo de paranóia coletiva, foi substituída pela Infernet, a qual todos somos plugados logo ao nascermos.
A palavra veio do latim infernus, "subterrâneo", uma analogia a seu formato de raízes que alimentam o caule central. O caule, de onde saem e para onde convergem todas as informações, é a Suprema Inquisição, cuja regra é "Todos somos iguais perante Deus", sendo que Deus, como todos sabem, é Bill Gates. Embora corra por aí o boato de que quem manda, mesmo, é o ACM...

CONCLUSÃO

Em meus 144 anos, vi o futuro ir acontecendo, e aprendi pelo menos uma coisa: as previsões estavam sempre erradas. Acho que descobri o porquê.


Outro dia achei um livro antigo, que já caiu em desuso por ser a negação da lógica. De qualquer forma, lá foi escrito, há milhares de anos, que cada dia é diferente do outro, exatamente "para que o homem nunca possa descobrir nada sobre seu próprio futuro" (Eclesiastes, 7, 14).


ENDEREÇO: http://textos_legais.sites.uol.com.br/futuro.htm

IMAGEM: internet


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