Todo ano em 8 de abril ocorre uma cerimônia solene na estação de trem de Shibuya, em Tóquio. São centenas de amantes de cães que se reúnem em homenagem à lealdade e devoção de Hachiko, fiel companheiro do Dr. Eisaburo Ueno, um professor da Universidade de Tóquio.
Mas, quem foi Hachiko? Que houve de tão extraordinário em sua vida para granjear a admiração e o respeito de tantos que assistem a tal reunião de caráter solene? O artigo intitulado "Velho e fiel cão espera pelo retorno do dono por dez anos", publicado na edição do Asahi Shinbun de 4 de outubro de 1933, lança luz sobre estas questões.
O texto impresso fez um registro histórico de uma das mais bonitas, se não, a mais bela e ímpar história de lealdade, fidelidade e incondicional amor de um cão para com seu dono. De tão incrível era a história contada nas entrelinhas do artigo que a atenção de todo o povo japonês se voltaria para ela; nada menos que o mundo acabaria se rendendo a tal registro épico!
Diga-se, de passagem, que a comovente história do Chu-ken Hachiko (o cachorro fiel Hachiko) rendeu um livro e um filme chamado "A História de Hachiko", mas, sobretudo, colaborou sobremaneira para que a reputação da raça se tornasse conhecida e famosa em todo o mundo, além de impulsionar um apaixonado movimento de restauração e preservação da raça Akita em seu país de origem, o Japão.
O nome do protagonista e aspirante ao estrelato da história contada pelo Asahi Shinbun, e que ficou conhecido em todo o mundo, era Hachiko, um cão branco da raça Akita; o coadjuvante, seu próprio dono, o Dr. Eisaburo Ueno.Pode-se dizer que a história toda teve seu início muito antes daquele 4 de outubro de 1933, data em que o artigo veio a público.
O "Era uma vez..." desta história teve seu ponto de partida em novembro de 1923, portanto, exatos dez anos antes. Naquele mês e ano nasceu Hachiko, na cidade de Odate, província de Akita.
Em 1924, Hachiko foi enviado a casa de seu futuro proprietário, o Dr. Eisaburo Ueno, um professor do Departamento Agrícola da Universidade de Tóquio. A história dá conta de que o professor ansiava por ter um Akita há anos, e que tão logo recebeu seu almejado cãozinho, deu-lhe o de Hachi, ao que depois passou a chamá-lo carinhosamente pelo diminutivo, Hachiko. Foi uma espécie de 'amor à primeira vista', pois, desde então, se tornariam amigos inseparáveis!
O professor Ueno morava em Shibuya, subúrbio de Tóquio, perto da estação de trem que levava (e que leva até os dias de hoje) o mesmo nome. Como fazia do trem seu meio de transporte diário até o local de trabalho, já era parte integrante da rotina de Hachiko acompanhar seu dono todas as manhãs. Caminhavam juntos o inteiro percurso que ia de casa à estação de Shibuya. Mas, ainda mais incrível era o fato de que Hachiko parecia ter um relógio interno, e sempre às 15 horas retornava à estação para encontrar o professor, que desembarcava do trem da tarde, para acompanhá-lo no percurso de volta a casa.
Entretanto, algo de trágico estava para acontecer no dia 21 de maio de 1925 — mal se sabia, mas, reescrevia-se ali um novo desfecho para a história. Hachiko, que na época tinha pouco menos de dois anos de idade, à hora certa, lá estava na estação como de costume, pacientemente (e de rapinho abanando!) à espera de seu dono. Só que o professor Ueno não retornaria naquela tarde de 21 de maio; sofrera um derrame fatal na Universidade que o levara a óbito. Destarte, ainda que alheio da realidade, naquele dia o leal e fiel Akita esperou por seu dono até à madrugada.
Após a morte do professor Eisaburo Ueno, conta a história que seus parentes e amigos passaram a tomar conta de Hachiko. Mas, tão forte e inexpugnável era o vínculo de afeto para com seu amado dono — lealdade, fidelidade e incondicional amor levados ao extremo —, que no dia seguinte à morte do professor ele retornou à estação para esperá-lo. Retornou todos os dias, manhã e tarde à mesma hora, na incansável esperança de reencontrá-lo, vê-lo despontar da estação de Shibuya. Às vezes, não retornava à casa por dias!
Foi assim dez anos seguidos repetindo a mesma rotina (quiçá, já não tão feliz), razão pela qual já era uma presença familiar e pitoresca para o povo que afluía à estação. E ainda que com o transcorrer dos anos já estivesse visivelmente debilitado em conseqüência de artrite, Hachiko não se indispunha a ir diária e religiosamente à estação. Nada nem ninguém o desencorajava de fazer sua peregrinação!
A história tem seu triste clímax em 8 de março de 1935, quando aos 11 anos e 4 meses, Hachiko é encontrado morto no mesmo lugar na estação onde por anos a fio esperou pacientemente por seu dono, onde durante dez anos se tinha mantido em vigília.
Hachiko, como não poderia deixar de ser, tornou-se um marco, um referencial de amizade talvez jamais igualável em qualquer era anterior ou futura na história. Sua descomunal lealdade e fidelidade receberam o reconhecimento de todo o Japão. Em 21 de abril de 1934, praticamente um ano antes de sua morte, uma pequena estátua de Hachiko, feita de bronze pelo famoso artista japonês Ando Teru, foi desvelada em sua honra numa cerimônia perto à entrada da estação de Shibuya, local onde morreu. Era a memória de Hachiko sendo imortalizada.
Durante a 2ª Guerra Mundial, para aplicar no desenvolvimento de material bélico, todas as estátuas foram confiscadas e derretidas, e, infelizmente, entre elas estava a de Hachiko.
Após a guerra Hachiko foi duramente esquecido; todavia, como toda história que se preze precisa ter um final feliz, em 1948 a The Society For Recreating The Hachiko Statue — entidade organizada em prol da recriação da estátua de Hachiko — convidou Ando Tekeshi, o filho de Ando Teru (escultor da estátua original), para esculpir uma nova estátua. Até os dias de hoje a réplica encontra-se colocada no mesmo lugar da estátua original, em símbolo de um tributo à lealdade, confiança e inteligência de uma raça, a Akita.
Todos que passam pela estação de Shibuya, em Tóquio, podem ver e comover-se com a imponente estátua de Hachiko, erguida em sua memória, eternizando a história de paixão e lealdade incomparável desse cão por seu dono. A efígie, esculpida em bronze e que repousa sobre um pedestal de granito, ergue-se como uma silenciosa prova do lugar ocupado pelos Akitas na história cultural e social do Japão.
A estação de Odate, em 1964, recebeu a estátua de um grupo de Akitas; anos mais tarde, em 1988, também uma réplica da estátua de Hachiko foi colocada próxima a estação. [Fotos — À direita, "Jovem Hachiko e seus amigos". Escultor: Zenichiro Aikawa, nascido em Akita. À esquerda, "Estátua de Hachiko na estação de Odate, Akita Prefecture". Escultor: Yoshio Matsuda, nascido em Akita]
A história de Hachiko atravessa anos, passa de pai para filho, sendo até mesmo ensinada nas escolas japonesas - no início do século para estimular lealdade ao governo, e, na atualidade, para exemplificar e instilar o respeito e a lealdade aos anciãos. Apesar de Hachiko ter sido um cão, deixou uma grande lição de vida 'animal' para todo bom amigo.
Na atualidade, viajantes que passam pela estação de Shibuya (provavelmente o ponto de encontro mais popular em Shibuya) podem comprar presentes e recordações do seu cão favorito na Loja "Shibuya No Shippo" (ou "Tail of Shibuya"), localizada no Memorial de Hachiko.
Hachiko foi empalhado (para conservar-lhe as formas) e submetido à substâncias que o isentam de decomposição, e o resultado deste maravilhoso processo de conservação está agora em exibição no Museu de Artes de Tóquio.
Quase setenta anos decorreram desde a morte do Chu-ken Hachiko, mas ele nunca será esquecido! A história por detrás da estátua de bronze perpetua-se no tempo, e continua esquentando os corações da população local e de turistas do mundo inteiro.
Fonte: Sites, o filme Hachiko Monogatari 1ª edição e livros online na internet.
endereço: http://www.clubedoakita.com.br/historia-de-hachiko-monogatari.html
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Refletindo sobre a amizade, lealdade, fidelidade deste magnífico cão, dito irracional, vem a pergunta se somos amigos, leais e fieis aos nossos próprios princípios, pois sem sermos assim, como amar incondicionalmente e sem interesse outros, aos nossos familiares e amigos, e a refletir na vida em geral?
Para sermos felizes há de sermos assim pois o coração que ilumina é aquele que se esquece (sem anular) em prol da vida e como seguirmos para o Pai sem essa lealdade canina?
Vamos refletir?
24 comentários:
Jorge,bom te "rever"!Espero que o Natal tenha sido bom.Aproveito para deixar 2010 beijos para vc.Que o novo ano(recomeços...)te traga muuuitas coisas boas.Alice
Oi, Alice,
Obrigado, Anjo!!
Graças a Deus foi mui bom.
E espero que o seu Natal também tenha sido muito bom.
Um excelente 2010 para você também!!
Beijo,
Jorge
Jorge Querido, que história sensacional! Conhecia parte dela. Aqui tive a oportunidade de tomar conhecimento na íntegra. Sensibiliza a profundamente a alma! Estas virtudes: lealdade, fidelidade, amor incondicional são preciosas. Através da vida deste lindo amigo de quatro patas, fica o modelo máximo para todos nós. Virtudes tão esquecidas atualmente pelos seres humanos... E faz repensar sobre o valor de um cão na vida de um humano. Quanto de belo nos é oferecido continuamente. São presentes em nossas vidas! Minha gratidão à espécie canina e a todos os animais. Cada espécie nos ensina sempre e muito. Basta ter abertura interna e um coração que sente ainda tudo que há de belo na Vida! Parabéns pelo post! Lindíssimo! Um felicíssimo Ano Novo para você! Beijos. Meu carinho.
Jorge amei esta história, sou dona de três yorkshire, amo cães!!!!!
Tenha uma ótima semana beijos
Que história bonita! Quase inacreditável perceber o que os cães são capazes de fazer pelo bem de seu "dono", prefiro a expressão companheiro, porque é o que eles são para a gente.
Beijos
Oi, Lia
Linda, não é?
Tocante! O filme emociona e o cão, que ator maravilhoso!!
Essas virtudes, tão raras, creio ser comum nos animais, mais especificamente, cães.
Não é À toa nos apegamos a eles. É o amor envolvente, que nos tras confiança e alegria de viver.
E para vc, linda Lia, um ótimo novo Ano!!!
Meu carinho,
Jorge
Kelly,
quem tem animais de estimação compreende melhor essa relação homem-cão.
Parabéns pelos tres yorkshire!!!
beijo,
Jorge
Jeanne,
Companheiro é, eu concordo, melhor palavra.
Jeanne, uma ótima semana!!
Beijo,
Jorge
Caro Jorge,
Impressionante esta historia de amor, amizade, lealdade e fidelidade.
Lindo post. Nao me foi possivel conter as lagrimas ao ler esta historia tao comovente e enriquecedora. Da-nos uma linda licao de vida!
Sou amante incondicional dos animais, e exatamente por este motivo, de amor e respeito nem os como, apenas os amo e admiro sua capacidade de ensinamento a nos, humanos, ditos racionais!
Vale a pena refletir neste ensinamento. Vale a pena mudar, para melhor! E como a cada recomeco de vida, a cada novo ano, anunciamos nossas promessas (muitas vezes nao cumpridas) vamos tomar como decisao mudar, melhorar, avancar e aprender mais e sempre!
Lindo, lindo, lindo!
Parabens pela postagem!
Beijos, flores e muitos sorrisos!
Carmem
Que bom que gostou da história!
Esta história é um grande exemplo para nós. A amizade passa necessariamente pela lealdade e fidelidade e o homem não sabe ainda sê-lo. Confiamos nos caes porque eles são. Não confiamos nos homens poque eles não o são. Mas refletindo estas frases, acaba significando que não confiamos em nós mesmos. Olhamos para um amigo e nos vemos e olhamos para o cão e é o que queremos ser.
Carmem, obrigado pela visita e que seu 2010 seja de muita luz e realizações!!!
Volte sempre!!!
Beijo!
Jorge amigo da alma,
Que maravilha de história, eu tive uma experência quase como esta com uma cadela que ficou esperando meu retorno de férias. Você me inspirou e vou contar em meu blog.
Beijo em seu doce coração
PS.: Claro qie pode copiar o texto e pode também publicar em blog, se quiser. Isto é verdadeiramente partilhar o BOM e o BELO.
Silvana
Mario Quintana é muito especial. Que bel historinha de fim de ano!
Peço-te permissão para coloca-la no e-mail que envio de fim de ano.
Um excelente 2010 e que possas tudo realizar, segundo sua vontade.
Com muito carinho e saudações urbanas,
Jorge
Norma, alma iluminada
Vai ficar muito bom você escrever sobre sua cadela. ESpero com ansiedade!!
E obrigado pelo texto que "roubei" de você.
Beijos mil,
Jorge
Olá Jorge,teremos doze meses para aperfeiçoarmos nossa amizade,nossa lealdade e nosso amor incondicional;
e...
praticarmos em nossas vidas para sempre!
A cada doze meses,devemos desejar isso!
Muito obrigada por suas lindas palavras em meus posts,nesses últimos meses!
É sempre muito bom vir até aqui e ler o que você escreve!
É uma troca e tanto!
Beijinhos,fica com Deus e tenha um Ano Novo repleto de boas coisas!
Jorge, meu querido amigo. Hoje estou passando aqui para lhe desejar muita alegria em 2010.
Passou o Natal, e com ele, aquela sensação de acomodar num só dia o atraso de bondade e humanidade do ano inteiro.
Façamos diferente. Que possamos destilar um pouco desse espírito natalino em doses diárias no ano que se inicia.
Obrigada pela convivência maravilhosa em 2009. Que esta amizade seja renovada em 2010. Beijos.
Sandra
Querida amiga,
Temos a eternidade para desenvolvermos com a prática, a nossa amizade, lealdade e amor incondicional.
Um beijo e uma Ano Novo de muita luz!!!
Maria José, Anjo Eterno!
Obrigado pelo carinho e amizade, que tanto bem me faz. Sim, que em 2010 continuemos a plantar sementinhas de amor todo dia e regar para frutos futuros.
Também sou grato pela sua doce e bela presença em minha vida e que 2010 continuemos a nossa amizade!!!
Um beijo, sempre de coração!
Olá JOrge querido, obrigada pelo carinho sempre, linda história, os animais são nossos irmãos menores que nos ajudam na caminhada da evolução.
Muita paz e um ano novo repleto de saúde e luz.
Mara, minha grande amiga!
Os animais são especiais!!!
Muita alegria e paz neste novo ano, Mara!!!
Beijo,
Jorge
Ahhhhh...a amizade.
Linda história. Linda e comovente!
Costumo dizer que o cão é o único amor que o dinheiro pode comprar.
Obrigada por sua amizade...Jorge!
Abraços mil!
Patricia
Que frase essa sua. Para pensar...
Obrigado digo eu, pela sua amizade.
O legal da blogosfera é conhecer pessoas que tras energias muito boas.
Um doce beijo,
Jorge
Olá prezado Jorge, meu nome é Roberto sou o administrador do Clube do Akita e fico honrado que tenha utilizado esta linda história de lealdade de Hachiko em seu blog e ela tenha sido tão bem recebida por seus visitantes, grato por você ter citado a fonte, disponha de qualquer texto que precisar e caso haja alguma dúvida sobre a raça que é minha paixão estou a disposição.Fique bem.Abs.Roberto
Caro Roberto
Parabéns pelo clube.
Me apaixonei pela história da Hachiko, por isso postei-a.
Fico feliz por ter gostado de ler aqui a hist´ria que vc colocou no seu site.
Obrigado, Roberto pela sua gentileza desta visita e do comentário que nos estimula mais em postar história que tocam o coração e nos faz refletir.
Obrigado pela visita!!!
Abraços!
edilberto teles , o melhor filme que já assisti, pelo amor, pela lealdade, pelo história envolvente, filmagens do cão com seu dono, envolvendo também os conhecidos do trajéto, como o vendedor de café, maravilhoso. que prazer ver um filme assim em meio de um mundo de ódio, de egoísmo, de vaidades, jamais esquecerei este belo emocionante filme, da história retrata pelo cão e seu dono
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