segunda-feira, 2 de novembro de 2009

OSHO - BUDA E O TAPA


Buda estava sentado embaixo de uma árvore falando aos seus discípulos. Um homem se aproximou e deu-lhe um tapa no rosto.
Buda esfregou o local e perguntou ao homem:
- E agora? O que vai querer dizer?
O homem ficou um tanto confuso, porque ele próprio não esperava que, depois de dar um tapa no rosto de alguém, essa pessoa perguntasse: "E agora?" Ele não passara por essa experiência antes. Ele insultava as pessoas e elas ficavam com raiva e reagiam. Ou, se fossem covardes, sorriam, tentando suborná-lo. Mas Buda não era num uma coisa nem outra; ele não ficara com raiva nem ofendido, nem tampouco fora covarde. Apenas fora sincero e perguntara: "E agora?" Não houve reação da sua parte.

Os discípulos de Buda ficaram com raiva, reagiram. O discípulo mais próximo, Ananda, disse:
- Isso foi demais: não podemos tolerar. Buda, guarde os seus ensinamentos para o senhor e nós vamos mostrar a este homem que ele não pode fazer o que fez. Ele tem de ser punido por isso. Ou então todo mundo vai começar a fazer dessas coisas.
- Fique quieto – interveio Buda – Ele não me ofendeu, mas você está me ofendendo. Ele é novo, um estranho. E pode ter ouvido alguma coisa sobre mim de alguém, pode ter formado uma idéia, uma noção a meu respeito. Ele não bateu em mim; ele bateu nessa noção, nessa idéia a meu respeito; porque ele não me conhece, como ele pode me ofender? As pessoas devem ter falado alguma coisa a meu respeito, que "aquele homem é um ateu, um homem perigoso, que tira as pessoas do bom caminho, um revolucionário, um corruptor". Ele deve ter ouvido algo sobre mim e formou um conceito, uma idéia. Ele bateu nessa idéia.
Se vocês refletirem profundamente, continuou Buda, ele bateu na própria mente. Eu não faço parte dela, e vejo que este pobre homem tem alguma coisa a dizer, porque essa é uma maneira de dizer alguma coisa: ofender é uma maneira de dizer alguma coisa. Há momentos em que você sente que a linguagem é insuficiente: no amor profundo, na raiva extrema, no ódio, na oração.

Há momentos de grande intensidade em que a linguagem é impotente; então você precisa fazer alguma coisa. Quando vocês estão apaixonados e beijam ou abraçam a pessoa amada, o que estão fazendo? Estão dizendo algo. Quando vocês estão com raiva, uma raiva intensa, vocês batem na pessoa, cospem nela, estão dizendo algo. Eu entendo esse homem. Ele deve ter mais alguma coisa a dizer; por isso pergunto: "E agora?"

O homem ficou ainda mais confuso! E buda disse aos seus discípulos:
- Estou mais ofendido com vocês porque vocês me conhecem, viveram anos comigo e ainda reagem.
Atordoado, confuso, o homem voltou para casa. Naquela noite não conseguiu dormir.

Na manhã seguinte, o homem voltou lá e atirou-se aos pés de Buda. De novo, Buda lhe perguntou:
- E agora? Esse seu gesto também é uma maneira de dizer alguma coisa que não pode ser dita com a linguagem. Voltando-se para os discípulos, Buda falou:
- Olhe, Ananda, este homem aqui de novo. Ele está dizendo alguma coisa. Este homem é uma pessoa de emoções profundas.
O homem olhou para Buda e disse:
- Perdoe-me pelo que fiz ontem.
- Perdoar? – exclamou Buda. – Mas eu não sou o mesmo homem a quem você fez aquilo. O Ganges continua correndo, nunca é o mesmo Ganges de novo. Todo homem é um rio. O homem em quem você bateu não está mais aqui: eu apenas me pareço com ele, mas não sou mais o mesmo; aconteceu muita coisa nestas vinte e quatro horas! O rio correu bastante. Portanto, não posso perdoar você porque não tenho rancor contra você.
E você também é outro, continuou Buda. Posso ver que você não é o mesmo homem que veio aqui ontem, porque aquele homem estava com raiva; ele estava indignado. Ele me bateu e você está inclinado aos meus pés, tocando os meus pés; como pode ser o mesmo homem? Você não é o mesmo homem; portanto, vamos esquecer tudo. Essas duas pessoas: o homem que bateu e o homem em quem ele bateu não estão mais aqui. Venha cá. Vamos conversar.


Osho; Intimidade Como Confiar em Si Mesmo e nos Outros

Retirado do Portal Vida e Morte


endereço e iamgem: http://www.saindodamatrix.com.br/archives/2007/06/buda_e_o_tapa.html


14 comentários:

Unknown disse...

Quanta sabedoria neste homem iluminado que foi Buda.
Deus em sua misericórdia, permite que seres iluminados encarnem entre nós para nos impulsionar rumo à evolução...
Beijos

Jorge disse...

Ele é um grande Espírito. Realmente que seria da humanidade sem esse luminares?

Jeanne, um beijo e uma ótima semana!!!

Beijo,
Jorge

Psiquismo Desmistificado disse...

Grandes Mestres da Humanidade.
Precisamos destes ensinamentos em nossa jornada de aprendizagem
Abraços fraternais meu amigo

Julimar Murat disse...

Nossa Jorge!!!!!!!

Quanta sabedoria e iluminação se apresentam esses espiritos. Para entender e agir dessa maneira haverá muitas reencarnações que se fará valer.
Valeu

Um grande abraço

Julimar

falando.com (quem quiser ouvir) disse...

Amigo Jorge,

A lição que Buda nos transmite neste conto é bastante válida e não é difícil de ser cumprida. Devemos nos despojar de toda a mágoa e rancor, vivendo todos os dias como se fossem únicos, sabendo que somos seres em aprimoramento e, portanto, em constante mudança. A partir disto, procuremos sempre nos melhorar, deixando as coisas ruins para trás.

Abraços,

Fernando.

© Sara Marques disse...

São ensinamentos como este que nos faz refletir sobre a nossa passagem pela vida.
Acredito que estamos num processo de evolução ... temos tanto à aprender por aqui.
E perdoar é sem dúvida uma das nossas lições mais difíceis.
Bjs e uma Excelente semana à Vc!

Patricia Cristina disse...

Buda...um grande mestre e espirito iluminado.
Amei o texto.
Uma semana abençoada ao amigo.
Abraços fraternos

Patricia Cristina

Jorge disse...

Amigo Psiquismi,

Buda nos deu exemplo de equilíbrio interior.

Um grande abraço,
Jorge

Jorge disse...

Oi, Juli!

Para o Sidharta chegar onde chegou acredito que realmente precisou de muita vivência.
Os ensinamentos dele são sempre para nosso crescimento.

Tenha uma semana de luz, minha amiga!

Jorge

Jorge disse...

Amigo Fernando,

Concordo com você, apenas que eu acredito que perdoar, na minha forma de ver, é ainda muito difícil porque depende também de eu aprender a me perdoar. Uma mudança dessa forma de ser acho ser muito complicado. Mas creio ser o caminho para a felicidade.

Um excelente semana, meu amigo!!!

Abraços,
Jorge

Jorge disse...

Sara, oi!!!!

É mesmo. A nossa evolução passa necessáriamente pelo perdão.
E a chance que estamos tendo nesta vida só devemos agradecer ao Pai.

Tenha uma semana de luz, meu Anjo!!!

Beijo,

Jorge

Jorge disse...

Oi, Patrícia!!!

Um grande Espírito!!!

Tenha uma ótima semana, Patrícia!!!

Beijo,

Jorge

Maria José Rezende de Lacerda disse...

Jorge. De tempos em tempos Deus envia grandes mestres para nos ensinar a sermos melhores pessoas; para ajudar a humanidade a evoluir moral e espiritualmente, em todos os cantos do planeta. Buda foi um deles. Devemos aproveitar esses ensinamentos e incorporá-los em nossas vidas diárias, para aproveitarmos ao máximo essa encarnação e voltarmos, se Deus permitir, reencarnados num planeta de regeneração. Beijos.

Kelly Kobor Dias disse...

Jorge, que linda lição de humildade e paciencia!! Essas deveriam ser exercitadas por nós todos os dias, mas muitas vezes fazemos como o discipulo e queremos fazer justiça com as próprias mãos.
Um grande texto para reflexão
bjs

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