quarta-feira, 15 de abril de 2009

OS HOMENS-ILHA


As cidades têm conhecido, através do tempo, modalidades diversas de diferenciação social. Nos tempos de hoje, às portas do novo milénio, podemos afirmar, convictamente, que o projecto de modernidade invadiu tudo e todos. Apesar de tal afirmação não poder ser contestada nem pelos mais críticos, devemos ter também consciência dos custos dessa modernidade.
Com efeito, em termos sociais tem existido também uma evolução, mas no sentido inverso ao desejado. As assimetrias, cada vez mais têm sido postas em relevo, de tal modo, que, hoje, a cidade está cheia de “ilhas de exclusão”, bem visíveis, mesmo aos olhos dos menos atentos. Ilhas onde vivem seres humanos, afinal homens que também merecem ter oportunidades para serem felizes. Homens que aguardam a sua vez para fugir ao estado de Exclusão Social a que foram “condenados” por alguns daqueles que vivem no exterior dessas ilhas. Homens que aguardam o auxílio de outros homens, afinal seus companheiros da viagem.
De acordo com esta realidade, os rostos excluídos vão-se multiplicando a um ritmo assustador, que vão tornando a viagem, que se pretendia harmoniosa e bonita, carregada de contornos sombrios onde cada vez menos se sorri.

Paulo Alexandre Brito Pais Gaspar

In: As cidades e os rostos da exclusão
Universidade Portucalense – Educação Social, Porto, 1999

Um comentário:

Jorge disse...

Realmente o homem se tornou uma ilha. Isolado, mas quase sempre, em si mesmo, se torna um excluido. A vida, de uma forma ou outra, está sempre a nos desafiar a nossa estrutura psicológica e por isso tantos perdidos.
O homem avançou tanto na tecnologia e na ciência em geral, mas deixou de lado o seu lado espiritual, que jaz esquecido no fundo de si mesmo. de tanto se fechar ou mesmo de se sentir um excluido, que buscar no fundo da alma a sua luz divina se tornou um longo e difícil caminho.
Afinal, a maior distância que um homem pode trilhar é para dentro do próprio coração.

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