sexta-feira, 30 de setembro de 2011

A GOTA D'ÁGUA CELESTIAL


Nos primeiros anos da Criação, uma gota d'água celestial pediu e Deus consentiu: ela queria estar junto aos homens. Estava determinada a auxiliar a humanidade em sua caminhada evolutiva e, para tanto, desceria dos páramos siderais e colocar-se-ia a serviço dos seres inteligentes da criação, na Terra.

Assim, ela partiu das mãos do Criador e se incorporou a uma nuvem formada no Céu, que mais tarde se transformou em abundante chuva que caiu sobre a Terra. O aguaceiro formado iniciou sua caminhada, logo se transformando em enfurecida torrente, que rompeu terreno hostil, provocando a abertura de sulcos que mais tarde seriam rios.

Misturada a milhões de gotas d'água terrenas, a missionária foi impulsionada para diante, suportando diversos encontrões em pedras, lajedos, fendas, troncos e raízes de árvores. Sem domínio sobre si, experimentou, pela primeira vez, a dor, o medo e a incerteza. Não imaginava aquela recepção tão rude e desastrosa e, em alguns instantes, sentiu arrependimento, desespero e tristeza.

Por vários dias, a chuvarada caiu sobre a Terra e a gota d'água celeste não teve trégua. Era lançada para lá e para cá, numa convulsão que não cessava. Ferida e cansada, experimentou o remorso, a culpa e o abandono, sentindo-se desprotegida e esquecida. Acabou retida em uma poça que se formou ao longo do caminho. Ali descansou por alguns dias e, aliviada, recompôs-se intimamente.

Logo após, foi ingerida por pequeno animal e, ao circular por seu organismo, foi chamada a servir, misturando-se com substâncias diversas, que nutriam o animal. Agiu com extremada dedicação, renúncia e humildade. Adaptada àquela situação, que para ela representava um longo período, sentiu-se desprezada quando foi abruptamente lançada fora, ao final do processo digestivo do animal.

Chegando ao solo, foi absorvida pela raiz de uma árvore, servindo como condutora da seiva que nutriu a planta. Ao cabo de bom período, ressurgiu para o mundo exterior como produto do orvalho que se depositou em bela flor. Inebriada pelo perfume, experimentou sentimentos nobres como a esperança, a ternura, o carinho e o amor. Reabsorvida pela planta, ingressou, mais tarde, na composição de vigoroso fruto, sendo posteriormente digerida por um ser humano.

Por um período maior, conviveu no interior do organismo do homem, indo se alojar, mais demoradamente, no coração. Ali, partilhou de emoções diversas, que foram de extremado ódio, inveja, maldade, traição, calúnia e ofensa às manifestações de alegria, prazer, felicidade, glória, conquista e realização.

Ao cabo de algum tempo, foi chamada aos Céus. Retomou seu lugar no Reino Celestial. Lá, manteve-se taciturna e reflexiva. De tudo que viu, passou e fez, sentiu nascer dentro de si um sentimento nobre chamado saudade. Já não era a mesma gota d'água de antes. Estava contaminada por sentimentos que são próprios dos homens, e era junto a eles que gostaria de permanecer.

O Criador, sentindo aquela mudança e num ato de amor e reconhecimento, chamou-a e, abençoando-a, disse:

"-
Voltarás e ficarás para sempre junto aos homens. Darás para sempre testemunho do que aprendeste. Serás o anúncio da dor, do medo, da incerteza, do arrependimento, do desespero, da tristeza, do remorso, da culpa, do abandono, da dedicação, da renúncia e da humildade.

Serás a prova da alegria vinda do coração; a companheira dos desprotegidos, esquecidos e desprezados. Serás lenitivo, até mesmo diante do ódio, da inveja, da maldade, da traição, da calúnia e das ofensas.

Serás o grito dos que amam em silêncio; o alento da saudade; o desabafo dos oprimidos; o eco dos perseguidos e o clamor dos injustiçados.

Estarás presente até mesmo na alegria, no prazer, na felicidade, na glória, na conquista e nas realizações nobres alcançadas pelos homens! E, quando quiserem saber quem és, nada dirás. Apenas brotarás dos olhos dos que choram, sob a forma de lágrima".


Do livro: "Histórias que ninguém contou, conselhos que ninguém deu",
de Melcíades José de Brito. Editora DPL.



imagem - centroliterariopiracicaba-clip.blogspot.com

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

A ÁGUA E O RIO


Uma criança, sentada numa pedra encravada em pequeno banco de areia, olhava penetrante para a água corrente de um pequeno rio. Seus olhos faiscavam num misto de alegria e admiração, e perguntava-se: para onde vai a água do rio? e de onde ela vem? Pois a criança tinha certeza que a água devia vir de algum lugar, passar pelo lugar que seus olhos podiam apreender, e chegar a algum outro lugar.

Muitas vezes aquela criança voltou ao rio e refez as indagações, mas não obteve resposta.

Anos depois, já adulto, voltou ao mesmo lugar. A paisagem estava intocada e as águas continuavam passeando pelo leito do rio, do mesmo modo que anos antes. E ele lembrou-se de suas perguntas e agora, com o saber adquirido na escola, considerava suas indagações como ingenuidades infantis.

Foi nesse momento que um senhor apareceu, sentou-se naquela mesma pedra de outrora e, dirigindo-lhe a palavra, falou: "Sempre venho a este lugar perguntar ao rio para onde vão suas águas."

Como era isso possível? Então um velho, com pelo menos o dobro de sua idade, não sabia responder a uma pergunta que a ciência de há muito já explicara?

O velho pareceu captar seu pensamento e, sem tirar os olhos do rio, contou: "Na sua idade, pensava ter encontrado a resposta nos estudos feitos na escola, mas a vida, com seu dia-a-dia, me ensinou diversas outras coisas, e compreendi que não basta explicar apenas pelos olhos da matéria, mas que é preciso ir além, sentir que a água é como o caminho da vida, sempre em movimento, e que o rio é a estrada para a perfeição."

Ele não entendeu a fala do senhor e continuou a ver tão somente a água correndo pelo leito do rio.

Novamente o velho o convidou à reflexão: "Não veja apenas a água que corre, sinta a vida que palpita e palmilha a longa estrada do infinito representada pelo leito. As pedras, os gravetos, a vegetação, os peixes representam a diversidade do mundo para sensibilizar todos os nossos sentidos, físicos e espirituais, rumo ao grande rio ou ao mar, ou seja, a essência do existir. Isso a escola não pode ensinar, mas você pode aprender na vida."

O menino agora homem olhou novamente para o rio e no lugar da água correndo observou sua própria existência passando. Isso o deixou assustado no início, mas aos poucos foi se aquietando, até que se viu sentado na pedra. Ele era o mesmo senhor, aquele velho, o seu futuro.

Ninguém deve viver por viver, arrastado pela sociedade, mas deve viver o conhecimento e o amor em plenitude, para elevar a si próprio no bem e elevar também os outros no sentir o próprio eu e a divindade que está em cada um de nós.

A água, que é o homem, vem de Deus e vai para o oceano da perfeição do eu. Esse caminho é feito no leito acolhedor, que é a vida, oferecendo ao homem tudo que ele precisa para seu progresso e elevação.

A perfeição está no conhecimento que cada um faz de si mesmo, e esse conhecimento só é plenamente rico se construído na vivência do amor e das virtudes.

A água corrente de um pequeno rio...nós mesmos no caminho da própria existência, ao encontro com Deus.


Kin Fu


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imagem - vivoverde.com.br

domingo, 18 de setembro de 2011

A BUSCA DO TÓ


O carro do Tó pifou enquanto ele passava por um lindo mosteiro.

O Tó bateu à porta do mosteiro.

Um monge atendeu-o, o Tó contou o que se tinha passado com o carro, e o

monge convida-o para passar a noite.

Os monges ofereceram-lhe um ótimo jantar e depois encaminharam-no para

um pequeno quarto, onde ele iria dormir.

O Tó agradeceu e dormiu serenamente até ser acordado por um estranho mas

bonito som.

Na manhã seguinte, enquanto os monges lhe reparavam o carro, o Tó

perguntou que som era aquele que o tinha acordado.

- Lamentamos", disse o monge.

"Não lhe podemos dizer o porquê do som.

Você não é monge."

O Tó ficou desapontado, agradeceu aos monges e foi embora bastante curioso.

Alguns anos mais tarde, o tó passava novamente em frente ao mosteiro.

Parou e foi pedir aos monges se podia passar ali a noite, já que tinha

sido tão bem tratado da última vez que lá estivera.

Os monges concordaram e ele lá ficou.

De madrugada, ele ouve de novo o tal som estranho e lindo.

Na manhã seguinte, pediu aos monges para lhe explicarem o som.

Mas os monges deram-lhe a mesma resposta.

- "Lamentamos. Não lhe podemos falar acerca do som. Você não é monge"

Então a curiosidade transformou-se em obsessão.

Ele decidiu desistir de tudo e tornar-se monge, porque era a única

maneira de desvendar aquele mistério.

Então ele informa os monges da sua decisão e começou a longa e difícil

tarefa de se tornar monge.

17 anos depois, Tó era finalmente um verdadeiro membro da ordem.

Quando a celebração acabou, ele rapidamente dirigiu-se ao líder da

ordem, e perguntou pelo som.

Silenciosamente, o velho monge conduz o Tó a uma enorme porta de madeira.

Abriu a porta com uma chave de ouro; essa porta conduziu a uma 2ª porta,

esta de prata; depois uma 3ª de ouro; e depois a 4ª, de brilhantes; a 5ª

de pérolas; a 6ª de diamantes; a 7ª de safiras; a 8ª de esmeraldas; a 9ª

de rubis; a 10ª, novamente de ouro;a 11ª, novamente de prata; Até que

chegou à 12ª porta, esta de madeira normal.

A cara do Tó encheu-se de lágrimas de alegria assim que viu a origem de

tal lindo e misterioso som que ele ouvira tantas vezes...

Nunca tinha sentido uma coisa assim...

Era uma sensação indiscritivel...

Durante toda a vida dele tinha esperado por aquele momento.


Mas não posso dizer o que era.


VOCÊ TAMBÉM NÃO É MONGE !!!...



Olha a boca !!!....


Reclama não!!!




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imagem - portao10.com

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

O ZELADOR DA FONTE


Conta uma lenda austríaca que em determinado povoado havia um pacato habitante da floresta que foi contratado pelo conselho municipal para cuidar das piscinas que guarneciam a fonte de água da comunidade.

O cavalheiro com silenciosa regularidade, inspecionava as colinas, retirava folhas e galhos secos, limpava o limo que poderia contaminar o fluxo da corrente de água fresca.

Ninguém lhe observava as longas horas de caminhada ao redor das colinas, nem o esforço para a retirada de entulhos.

Aos poucos, o povoado começou a atrair turistas. Cisnes graciosos passaram a nadar pela água cristalina.

Rodas d`água de várias empresas da região começaram a girar dia e noite.

As plantações eram naturalmente irrigadas, a paisagem vista dos restaurantes era de uma beleza extraordinária.

Os anos foram passando. Certo dia, o conselho da cidade se reuniu, como fazia semestralmente.

Um dos membros do conselho resolveu inspecionar o orçamento e colocou os olhos no salário pago ao zelador da fonte.

De imediato, alertou aos demais e fez um longo discurso a respeito de como aquele velho estava sendo pago há anos, pela cidade.

E para quê? O que é que ele fazia, afinal? Era um estranho guarda da reserva florestal, sem utilidade alguma.

Seu discurso a todos convenceu. O conselho municipal dispensou o trabalho do zelador.

Nas semanas seguintes, nada de novo. Mas no outono, as árvores começaram a perder as folhas.

Pequenos galhos caíam nas piscinas formadas pelas nascentes.

Certa tarde, alguém notou uma coloração meio amarelada na fonte.

Dois dias depois, a água estava escura.

Mais uma semana e uma película de lodo cobria toda a superfície ao longo das margens.

O mau cheiro começou a ser exalado. Os cisnes emigraram para outras bandas. As rodas d'água começaram a girar lentamente, depois pararam.

Os turistas abandonaram o local. A enfermidade chegou ao povoado.

O conselho municipal tornou a se reunir, em sessão extraordinária e reconheceu o erro grosseiro cometido.

Imediatamente, tratou de novamente contratar o zelador da fonte.

Algumas semanas depois, as águas do autêntico rio da vida começaram a clarear. As rodas d`água voltaram a funcionar.

Voltaram os cisnes e a vida foi retomando seu curso.
* * *
Assim como o conselho municipal da pequena cidade, somos muitos de nós que não consideramos determinados servidores.

Aqueles que se desdobram todos os dias para que o pão chegue à nossa mesa, o mercado tenha as prateleiras abarrotadas.

Que os corredores do hospital e da escola se mantenham limpos.

Há quem limpe as ruas, recolha o lixo, dirija o ônibus, abra os portões da empresa.

Servidores anônimos. Quase sempre passamos por eles sem vê-los.

Mas, sem seu trabalho o nosso não poderia ser realizado ou a vida seria inviável.

O mundo é uma gigantesca empresa, onde cada um tem uma tarefa específica, mas indispensável.

Se alguém não executar o seu papel, o todo perecerá.

Dependemos uns dos outros.
Para viver, para trabalhar, para sermos felizes!

Pensemos nisso!

Equipe de Redação do Momento Espírita com base no cap. O zelador da fonte, de Charles R. Swindoll, do livro histórias para o coração, de Alice Gray, ed. United Press.



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domingo, 11 de setembro de 2011

ANTES DE JULGARES


Silvana Duboc

Antes de julgares, saiba que teus olhos atentos aos possíveis erros dos outros podem estar cegos diante dos teus.
Antes de julgares, percebe que aquilo que tanto recriminas hoje, talvez precise ser a tua realidade de amanhã.
Antes de julgares, repara que toda história tem duas versões e duas versões são duas verdades.
Antes de julgares, aceita que invariavelmente a uma parte, por menor que seja, de uma história,tu não terás acesso.
Antes de julgares, entende que não serão mil bocas que te esclarecerão qualquer coisa, elas apenas te confundirão.
Antes de julgares, escuta o silêncio, ele costuma fornecer grandes dados.
Antes de julgares, observa os olhos, eles são mais reveladores do que as bocas. Eles deixam provas irrefutáveis da verdade.
Antes de julgares, presta atenção à tua volta. Quantos foram condenados injustamente por mestres em julgamento?
Antes de julgares, lembra que tu mesmo já foste vítima de calúnias e por vezes não tiveste como te defender delas.
Antes de julgares, olha-te no espelho, observa com atenção o teu semblante, pensa na tua vida pregressa e questiona-te se estás em condição de julgar alguém.
Antes de julgares, recorda-te que Cristo foi julgado, condenado e crucificado sem direito à defesa.


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imagem - cantinhomeuzinho.blogspot.com

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

O SENHOR PALHA


Conto japonês


Era uma vez, há muitos e muitos anos, é claro, porque as melhores histórias passam-se sempre há muitos e muitos anos, um homem chamado Senhor Palha. Ele não tinha casa, nem mulher, nem filhos. Para dizer a verdade, só tinha a roupa do corpo. Ora o Senhor Palha não tinha sorte. Era tão pobre que mal tinha para comer e era magrinho como um fiapo de palha. Era por esse motivo que as pessoas lhe chamavam Senhor Palha.

Todos os dias o Senhor Palha ia ao templo pedir à Deusa da Fortuna que melhorasse a sua sorte, mas nada acontecia. Até que um dia, ele ouviu uma voz sussurrar:

— A primeira coisa em que tocares quando saíres do templo há-de trazer-te uma grande fortuna.

O Senhor Palha apanhou um susto. Esfregou os olhos, olhou em volta, mas viu que estava bem acordado e que o templo estava vazio. Mesmo assim, saiu a pensar: “Terei sonhado ou foi a Deusa da Fortuna que falou comigo?” Na dúvida, correu para fora do templo, ao encontro da sorte. Mas, na pressa, o pobre Senhor Palha tropeçou nos degraus e foi rolando aos trambolhões até o final da escada, onde caiu por terra. Ao levantar-se, ajeitou as roupas e percebeu que tinha alguma coisa na mão. Era um fio de palha.

“Bom”, pensou ele, “uma palha não vale nada, mas, se a Deusa da Fortuna quis que eu a apanhasse, é melhor guardá-la.”

E lá foi ele, com a palha na mão.

Pouco depois, apareceu uma libélula zumbindo em volta da cabeça dele. Tentou afastá-la, mas não adiantou. A libélula zumbia loucamente ao redor da cabeça dele. “Muito bem”, pensou ele. “Se não queres ir embora, fica comigo.” Apanhou a libélula e amarrou-lhe o fio de palha à cauda. Ficou a parecer um pequeno papagaio (de papel), e ele continuou a descer a rua com a libélula presa à palha. Encontrou a seguir uma florista, que ia a caminho do mercado com o filho pequenino, para vender as suas flores. Vinham de muito longe. O menino estava cansado, coberto de suor, e a poeira fazia-o chorar. Mas quando viu a libélula a zumbir amarrada ao fio de palha, o seu pequeno rosto animou-se.

— Mãe, dás-me uma libélula? — pediu. — Por favor!

“Bem”, pensou o Senhor Palha, “a Deusa da Fortuna disse-me que a palha traria sorte. Mas este garotinho está tão cansado, tão suado, que pode ficar mais feliz com um pequeno presente.” E deu ao menino a libélula presa à palha.

— É muita bondade sua — disse a florista. — Não tenho nada para lhe dar em troca além de uma rosa. Aceita?

O Senhor Palha agradeceu e continuou o seu caminho, levando a rosa. Andou mais um pouco e viu um jovem sentado num tronco de árvore, segurando a cabeça entre as mãos. Parecia tão infeliz que o Senhor Palha lhe perguntou o que havia acontecido.

— Hoje à noite, vou pedir a minha namorada em casamento — queixou-se o rapaz. — Mas sou tão pobre que não tenho nada para lhe oferecer.

— Bem, eu também sou pobre — disse o Senhor Palha. — Não tenho nada de valor, mas se quiser dar-lhe esta rosa, é sua.

O rosto do rapaz abriu-se num sorriso ao ver a esplêndida rosa.

— Fique com estas três laranjas, por favor — disse o jovem. — É só o que posso dar-lhe em troca.

O Senhor Palha continuou a andar, levando três suculentas laranjas. Em seguida, encontrou um vendedor ambulante puxando uma pequena carroça.

— Pode ajudar-me? — disse o vendedor ambulante, exausto. — Tenho puxado esta carroça durante todo o dia e estou com tanta sede que acho que vou desmaiar. Preciso de um gole de água.

— Acho que não há nenhum poço por aqui — disse o Senhor Palha. — Mas, se quiser, pode chupar estas três laranjas.

O vendedor ambulante ficou tão grato que pegou num rolo da mais fina seda que havia na carroça e deu-o ao Senhor Palha, dizendo:

— O senhor é muito bondoso. Por favor, aceite esta seda em troca.

E, uma vez mais, o Senhor Palha continuou o seu caminho, com o rolo de seda debaixo do braço.

Não tinha dado dez passos quando viu passar uma princesa numa carruagem. Tinha um olhar preocupado, mas a sua expressão alegrou-se ao ver o Senhor Palha.

— Onde arranjou essa seda? — gritou ela. — É justamente aquilo de que estou à procura. Hoje é o aniversário de meu pai e quero dar-lhe um quimono real.

— Bem, já que é aniversário dele, tenho prazer em oferecer-lhe a seda — disse o Senhor Palha.

A princesa mal podia acreditar em tamanha sorte.

— O senhor é muito generoso — disse sorrindo. — Por favor, aceite esta jóia em troca.

A carruagem afastou-se, deixando o Senhor Palha com uma jóia de inestimável valor refulgindo à luz do sol.

“Muito bem”, pensou ele, “comecei com um fio de palha que não valia nada e agora tenho uma jóia. Sinto-me contente.”

Levou a jóia ao mercado, vendeu-a e, com o dinheiro, comprou uma plantação de arroz. Trabalhou muito, arou, semeou, colheu, e a cada ano a plantação produzia mais arroz. Em pouco tempo, o Senhor Palha ficou rico.

Mas a riqueza não o modificou. Oferecia sempre arroz aos que tinham fome e ajudava todos os que o procuravam. Diziam que sua sorte tinha começado com um fio de palha, mas quem sabe se não terá sido com a sua generosidade?



William J. Bennett

O Livro das Virtudes II - O Compasso Moral

Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1996





texto - http://contadoresdestorias.wordpress.com
imagem - contosparacrescer.wordpress.com

terça-feira, 6 de setembro de 2011

sábado, 3 de setembro de 2011

COISAS QUE APRENDI COM VOCÊ


Quando você pensava que eu não estava olhando, eu vi você pegar o primeiro desenho que fiz e prendê-lo na geladeira, e, imediatamente, tive vontade de fazer outros para você.

Quando você pensava que eu não estava olhando, eu vi você dando comida a um gato de rua, e aprendi que é legal tratar bem os animais.

Quando você pensava que eu não estava olhando, eu vi você fazer meu bolo favorito e aprendi que as coisas pequenas podem ser as mais especiais na nossa vida.

Quando você pensava que eu não estava olhando, ouvi você fazendo uma oração, e aprendi que existe um Deus com quem eu posso sempre falar e em quem eu posso sempre confiar.

Quando você pensava que eu não estava olhando, eu vi você fazer comida e levar para uma amiga que estava doente, e aprendi que todos nós temos que ajudar a tomar conta uns dos outros.

Quando você pensava que eu não estava olhando, eu vi você dando seu tempo e seu dinheiro para ajudar as pessoas mais necessitadas e aprendi que aqueles que têm alguma coisa devem ajudar quem nada tem.

Quando você pensava que eu não estava olhando, eu percebi você me dando um beijo de boa noite e me senti uma pessoa amada e segura.

Quando você pensava que eu não estava olhando, eu vi você tomando conta da nossa casa e de todos nós, e aprendi que nós temos que cuidar com carinho daquilo que temos e das pessoas que gostamos.

Quando você pensava que eu não estava olhando, eu vi como você cumpria com todas as suas responsabilidades, mesmo quando não estava se sentindo bem, e aprendi que eu tinha que ser responsável quando crescesse.

Quando você pensava que eu não estava olhando, eu vi você se desculpar com uma amiga, embora tivesse razão, e aprendi que às vezes vale a pena abrir mão de um ponto de vista para preservar a amizade e o bem-estar nos relacionamentos.

Quando você pensava que eu não estava olhando eu vi lágrimas nos seus olhos, e aprendi que, às vezes, acontecem coisas que nos machucam, mas que não tem nenhum problema a gente chorar.

Quando você pensava que eu não estava olhando, eu percebi você cuidando do vovô com carinho e atenção, e aprendi que devemos tratar bem e respeitar aqueles que nos cuidaram na infância.

Quando você pensava que eu não estava olhando, foi que aprendi a maior parte das lições que precisava para ser uma pessoa boa e produtiva quando crescesse.

Quando você pensava que eu não estava olhando, eu olhava para você e queria lhe dizer: Obrigado por todas as coisas que eu vi e aprendi quando você pensava que eu não estava olhando!

* * *


Lembre-se sempre: alguém está observando e aprendendo algo com você, em todos os momentos.


Desconheço o Autor


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imagem - soniasilvinoreflexoes.blogspot.com

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

AMIGOS


Certa manhã, o guerreiro mongol Gengis Khan e sua corte saíram para caçar.
Enquanto seus companheiros levavam flechas e arcos, Gengis Khan carregava seu falcão favorito no braço - que era melhor e mais preciso que qualquer flecha, porque podia subir aos céus e ver tudo aquilo que o ser humano não consegue ver.

Entretanto, apesar de todo o entusiasmo do grupo, não conseguiram
encontrar nada. Decepcionado, Gengis Khan voltou para seu acampamento, mas, para não descarregar sua frustração em seus companheiros, separou-se da comitiva e resolveu caminhar sozinho.

Tinham permanecido na floresta mais tempo que o esperado e Khan estava morto de cansaço e de sede. Por causa do calor do verão, os riachos estavam secos, não conseguia encontrar nada para beber até que - milagre! - viu um fio de água descendo de um rochedo a sua frente.

Na mesma hora, retirou o falcão do seu braço, pegou o pequeno cálice de prata que sempre carregava consigo, demorou um longo tempo para enchê-lo e, quando estava prestes a levá-lo aos lábios, o falcão levantou vôo e arrancou o copo de suas mãos, atirando-o longe.

Gengis Khan ficou furioso, mas era seu animal favorito, talvez estivesse
também com sede. Apanhou o cálice, limpou a poeira e tornou a enchê-lo. Com o copo pela metade, o falcão de novo atacou-o, derramando o líquido.

Gengis Khan adorava seu animal, mas sabia que não podia deixar-se
desrespeitar em nenhuma circunstância, já que alguém podia estar assistindo à cena de longe e mais tarde contaria aos seus guerreiros que o grande conquistador era incapaz de domar uma simples ave.

Desta vez, tirou a espada da cintura, pegou o cálice, recomeçou a enchê-lo - mantendo um olho na fonte e outro no falcão. Assim que viu ter água suficiente e quando estava pronto para beber, o falcão de novo levantou vôo e veio em sua direção. Khan, em um golpe certeiro, atravessou o seu peito.

Mas o fio de água havia secado. Decidido a beber de qualquer maneira, subiu o rochedo em busca da fonte. Para sua surpresa, havia realmente uma poça d'água e, no meio dela, morta, uma das serpentes mais venenosas da região. Se tivesse bebido a água, já não estaria mais no mundo dos vivos. Khan voltou ao acampamento com o falcão morto em seus braços.

Mandou fazer uma reprodução em ouro da ave

e gravou em uma das asas:
"Mesmo quando um amigo faz algo que você não gosta,

ele continua sendo seu amigo".

Na outra asa, mandou escrever:

"Qualquer ação motivada pela fúria

é uma ação condenada ao fracasso".


Desconheço o autor


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