segunda-feira, 31 de outubro de 2011

A VIDA ENSINA


Se você pensa que sabe;
que a vida lhe mostre o quanto não sabe.

Se você é muito simpático mas leva meia hora para concluir seu pensamento;
que a vida lhe ensine que explica melhor o seu problema, aquele que começa pelo fim.
Se você faz exames demais; que a vida lhe ensine que doença é como esposa ciumenta: se procurar demais, acaba achando.
Se você pensa que os outros é que sempre são isso ou aquilo; que a vida lhe ensine a olhar mais para você mesmo.
Se você pensa que viver é horizontal, unitário, definido, monobloco; que a vida lhe ensine a aceitar o conflito como condição lúdica da existência.

Tanto mais lúdica quanto mais complexa.
Tanto mais complexa quanto mais consciente.
Tanto mais consciente quanto mais difícil.
Tanto mais difícil quanto mais grandiosa.
Se você pensa que disponibilidade com paz
não é felicidade; que a vida lhe ensine a aproveitar os raros momentos em que ela (a paz) surge.

Que a vida ensine a cada menino a seguir o cristal que leva dentro, sua bússola existencial não revelada, sua percepção não verbalizável das coisas, sua capacidade de prosseguir com o que lhe é peculiar e próprio, por mais que pareçam úteis e eficazes as coisas que a ele, no fundo, não soam como tais, embora façam aparente sentido e se apresentem tão sedutoras quanto enganosas.
Que a vida nos ensine, a todos, a nunca dizer as verdades na hora da raiva.
Que desta aproveitemos apenas a forma direta e lúcida pela qual as verdades se nos
revelam por seu intermédio; mas para dizê-las depois.

Que a vida ensine que tão ou mais difícil do que ter razão, é saber tê-la.
Que aquele garoto que não come, coma.
Que aquele que mata, não mate.
Que aquela timidez do pobre passe.
Que a moça esforçada se forme. Que o jovem jovie.
Que o velho velhe.
Que a moça moce.
Que a luz luza.
Que a paz paze.
Que o som soe.
Que a mãe manhe.
Que o pai paie.
Que o sol sole.
Que o filho filhe.
Que a árvore arvore.
Que o ninho aninhe.
Que o mar mare.
Que a cor core.
Que o abraço abrace.
Que o perdão perdoe.
Que tudo vire verbo e verbe.
Verde. Como a esperança.
Pois, do jeito que o mundo vai,
dá vontade de apagar e começar tudo de novo.
A vida é substantiva, nós é que somos adjetivos.


Arthur da Távola


texto - internet
imagem - bymarizinha.blogspot.com

4 comentários:

Ana Rita Vitória disse...

Oi Jorge Bom dia!Conheci seu blog através
da arca do auto conhecimento!
Lindo esse seu espaço!Primoroso o texto do Artur da Tàvola! A vida nos ensina a nos libertar de nós mesmo não e?Um ótimo dia para ti!
Se quiser me seguir lá no meu blog será muito bem vindo!!
Um abraço!!

Solange Belém disse...

Olá, meu anjo amigo, que lindas palavras!
Um abraço forte

Sol

Sheila do Blog Passarinhos no Telhado disse...

Lindo! Um forte meu amigo querido!!!

Maria José Rezende de Lacerda disse...

Olá amigo Jorge. Adoro esse texto. Foi muito bom poder relê-lo em seu blog. Beijos.

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