domingo, 5 de setembro de 2010

A MELHOR CORREÇÃO


O Dr. Arun Gandhi, neto de Mahatma Gandhi e fundador do Instituto M.K. Gandhi para a Vida Sem Violência, em sua palestra de 9 de junho, na Universidade de Porto Rico, compartilhou a seguinte história como exemplo da vida sem violência exemplificada por seus pais:

"Eu tinha 16 anos e estava vivendo com meus pais no instituto que meu avô havia fundado, a 18 milhas da cidade de Durban, na África do Sul, em meio a plantações de cana de açúcar.

Estávamos bem no interior do país e não tínhamos vizinhos. Assim, sempre nos entusiasmava, às duas irmãs e a mim, poder ir à cidade visitar amigos ou ir ao cinema.

Certo dia, meu pai me pediu que o levasse à cidade para assistir a uma conferência que duraria o dia inteiro, e eu me apressei de imediato diante da oportunidade.

Como iria à cidade, minha mãe deu-me uma lista de coisas do supermercado, as quais necessitava, e como iria passar todo o dia na cidade, meu pai me pediu que me encarregasse de algumas tarefas pendentes, como levar o carro à oficina.

Quando me despedi de meu pai, ele me disse:
- Nós nos veremos neste local às 5 horas da tarde e retornaremos à casa juntos.

Após, muito rapidamente, completar todas as tarefas, fui ao cinema mais próximo. Estava tão concentrado no filme que me esqueci do tempo. Eram 5:30 horas da tarde, quando me lembrei.

Corri à oficina, peguei o carro e corri até onde meu pai estava me esperando. Já eram quase 6 horas da tarde.

Ele me perguntou com ansiedade:
- Por que chegaste tarde?

Eu me sentia mal com o fato e não lhe podia dizer que estava assistindo um filme de John Wayne. Então, eu lhe disse que o carro não estava pronto e que tive que esperar... isto eu disse sem saber que meu pai já havia ligado para a oficina.

Quando ele se deu conta de que eu havia mentido, disse-me: - Algo não anda bem, na maneira pela qual te tenho educado, que não te tem proporcionado confiança em dizer-me a verdade. Vou refletir sobre o que fiz de errado contigo. Vou caminhar as 18 milhas à casa e pensar sobre isto.

Assim, vestido com seu traje e seus sapatos elegantes, começou a caminhar até a casa, por caminhos que nem estavam asfaltados nem iluminados. Não podia deixá-lo só. Assim, dirigi por 5 horas e meia atrás dele... vendo meu pai sofrer a agonia de uma mentira estúpida que eu havia dito.

Decidi, desde aquele momento, que nunca mais iria mentir. Muitas vezes me recordo desse episódio e penso.. Se ele me tivesse castigado do modo que castigamos nossos filhos... teria eu aprendido a lição?... Não acredito...

Se tivesse sofrido o castigo, continuaria fazendo o mesmo... Mas, tal ação de não-violência foi tão forte que a tenho impressa na memória como se fosse ontem...

Este é o poder da vida sem violência.


Desconheço a autoria



texto - http://www.minuto.poetico.nom.br
imagem - garatujando.blogs.sapo.pt

12 comentários:

Patricia Melo disse...

Lindo Jorge, geralmente é mais fácil apontar o erro do outro.
Melhor trilhar o autoconhecimento.
Bom domingo, namastê!

ValériaC disse...

É querido, a violência nunca será a melhor escolha...tenho certeza que o Amor transformado em exemplo, nos leva a caminhos muito mais acertados, pois nos traz bom senso, equilíbrio, discernimento.
Tenha um bom feriado amigo...beijos...
Valéria

MARIANGELA BARRETO disse...

Lindo e profundo texto Jorge, uma lição inesquecivel e marcante.. a atitude sensata, equilibrada é uma poderosa ferramenta.. muitas vezes serve como aprendizado de vida para quem tem a sensibilidade de captá-la e compreendê-la!!
beijos amigo, um excelente feriado para você!!!
Mariangela!

ELIANA-Coisas Boas da Vida disse...

LINDO TEXTO JORGE O AMOR DO PAI QUERENDO DESCOBRIR ONDE ERROU ,PARA O FILHO Ñ LHE TER CONFIANÇA!
BEIJO

Jorge disse...

Patricia,
o ponto x foi o pai dizer onde ele errou na educação e não acusar o filho.

Coisas da famiília Gandhi, não é mesmo?

Um beijo

Jorge disse...

Valeria

acredito que orientação pela palavra é boa, mas fica completo pelo exemplo. Creio que um dos problemas é os pais acharem que o exemplo é o Amor que educa.
Para pensar realmente!!!

Anjo, beijo!!

Jorge disse...

Mariangela,

tenho aprendido que o exemplo é a ferramenta mais poderosa na educação sem desvalorizar outras maneiras, é claro.

Beijo, coração!!!

Jorge disse...

Eliana,

grandeza de uma alma, eu acredito. Foi tão poderosa o exemplo que o filho jamais voltou a mentir, não é?

Beijo, minha amiga!!!

Maria José Rezende de Lacerda disse...

Jorge, meu querido amigo. Concordo plenamente com a postura desse pai em não aplicar no filho um castigo físico. Sempre fui radicalmente contra qualquer tipo de violência, incluindo os "tapinhas educativos". Nunca precisei "bater" em minha filha e ela era um doce de menina. O exemplo, as palavras, a postura, o comportamento... dizem muito mais e ficam para o resto da vida. Grande beijo.

ONG ALERTA disse...

Estamos aqui para ensinar e aprender com os filhos, paz.
Beijo Lisette.

Jorge disse...

Maria José,

O filho ver a agonia do Pai foi uma grande lição para ele. Aprendeu com sofrimento do pai. Grande lição mesmo!

Beijo, Coração!

Jorge disse...

Lisette

Isso mesmo. Os filhos sempre nos dão lição também.

Beijo!!!

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