I
O Homem abeirou-se do Sábio e perguntou-lhe:
O Homem abeirou-se do Sábio e perguntou-lhe:
- Como encontrarei a Luz no Caminho da minha Vida?
O Sábio respondeu-lhe:
- No Caminho da tua Vida encontrarás três Portais. Lê as regras escritas
em cada um deles e cumpre-as. E agora vai! Segue o teu Caminho!
- O Homem seguiu o seu Caminho. Em breve deparou com um Portal onde
estava escrito:
MUDA O MUNDO
MUDA O MUNDO
O Homem pensou que, na verdade, se havia algumas coisas no Mundo que lhe
agradavam, havia muitas outras que eram objeto do seu desagrado. E começou a
sua primeira luta: os seus ideais, o seu ardor e o seu poder levaram-no a
confrontar-se com o Mundo, para corrigir, para conquistar, para mudar a realidade
de acordo com os seus desejos. Nisso encontrou o prazer e a volúpia o
conquistador, mas não trouxe Paz ao seu coração.
Conseguiu mudar algumas coisas, mas muitas outras resistiram aos seus
propósitos.
O Sábio perguntou-lhe então:
O Sábio perguntou-lhe então:
- Que aprendeste no teu Caminho?
O Homem respondeu:
- Aprendi a distinguir entre o que está ao meu alcance e o que se lhe
escapa, o que depende e o que não depende de mim.
O Sábio retorquiu:
- Isso é bom. Usa as tuas capacidades para agires no que estiver ao teu
alcance e esquece o que estiver para além delas, mas se te negares ao amor,
tendes a retornar ao primeiro caminho, pois só o amor abre passagem aos demais.
II
Pouco depois, o Homem encontrou o segundo Portal. Nele estava escrito:
MUDA OS OUTROS
II
Pouco depois, o Homem encontrou o segundo Portal. Nele estava escrito:
MUDA OS OUTROS
O Homem pensou que, realmente, os outros tanto podiam ser fonte de
alegria, de prazer ou de satisfação, como de dor, amargura ou frustração e
rebelou-se contra tudo o que lhe pudesse desagradar nos outros. Tentou moldar
as suas personalidades e corrigir os seus defeitos. Esta foi a sua segunda
luta. Fê-lo com persistência, mas nunca conseguiu remover as suas dúvidas sobre
a real eficácia dos seus esforços de mudar os outros.
O Sábio perguntou-lhe então:
- Que aprendeste no teu Caminho?
O Homem respondeu:
- Aprendi que os outros não são a causa nem a fonte das minhas alegrias
ou das minhas tristezas, da minha satisfação ou dos meus desastres. São apenas
oportunidades para todos se me revelarem. É em mim que tudo tem raízes.
O Sábio retorquiu:
O Sábio retorquiu:
- Tens razão. Os outros revelam-se-te na medida do que acordam em ti.
Agradece aos que fazem vibrar em ti as cordas da Alegria e da Satisfação. Mas
não odeies os que te causam sofrimento ou frustração, porque, através deles, a
Vida ensina-te o que te falta aprender e qual o Caminho que ainda te falta
percorrer. Nunca te esqueças... amar é aceitar o outro da forma como ele se nos
apresenta.
III
Então o Homem encontrou o terceiro Portal, onde se lia:
MUDA-TE A TI PRÓPRIO
III
Então o Homem encontrou o terceiro Portal, onde se lia:
MUDA-TE A TI PRÓPRIO
O Homem pensou que, se na realidade era ele próprio a fonte dos seus
problemas, então era em si próprio que teria de trabalhar. Começou então a sua
terceira luta. Tentou moldar o seu carácter, lutar contra as suas imperfeições,
acabar com os seus defeitos, mudar tudo o que lhe desagradava em si próprio,
tudo o que não correspondia ao seu ideal. Teve algum sucesso, mas também alguns
fracassos e duvidou das suas reais capacidades.
O Sábio perguntou-lhe então:
- Que aprendeste no teu Caminho?
O Homem respondeu:
- Aprendi que há em mim aspectos que consigo melhorar e outros que não
consigo alterar.
O Sábio retorquiu:
- Isso é bom!
Mas o Homem prosseguiu:
- Sim. Mas começo a ficar cansado de lutar contra tudo, contra todos,
contra mim próprio. Isto nunca terá fim? Nunca terei descanso? Quero poder
parar de lutar, desistir, abandonar tudo...
O Sábio prosseguiu:
- Essa é a tua próxima lição. Mas antes de prosseguires, volta-te para
trás e observa bem o Caminho que percorreste. Será que não deixaste o grande
amor de caminhada para trás ?
IV
Olhando para trás, o Homem viu à distância o terceiro Portal e reparou que, no lado de trás, estava escrito:
ACEITA-TE A TI PRÓPRIO
O Homem surpreendeu-se por não ter visto a inscrição quando passara o
Portal no sentido contrário e pensou que, quando se luta, fica-se cego para
tudo o que esteja para além da luta. Reparou então em tudo o que deixara cair,
que deitara fora, enquanto lutara contra si próprio: os seus defeitos, as suas
sombras, os seus medos, os seus limites, tudo antigas preocupações suas.
Aprendeu então a reconhecê-los, a aceitá-los, a conviver com eles. Aprendeu a
amar-se a si próprio sem voltar a comparar-se com os outros, sem se julgar, sem
se repreender sem ter auto piedade, sem se achar menos valoroso.
O Sábio perguntou-lhe então:
- Que aprendeste no teu Caminho?
O Homem respondeu:
- Aprendi que odiar ou repudiar uma parte de mim próprio é condenar-me a
nunca estar de acordo comigo mesmo. Aprendi a aceitar-me a mim próprio, total e
incondicionalmente.
O Sábio retorquiu:
-Isso é bom! Essa é a primeira regra da Sabedoria.. Agora regressa ao
segundo Portal. E toma de volta o teu grande amor que, inafortunadamente,
deixaste para tras, por arrogancia, teimosia, medo, culpa e quem sabe, volupia
de outras carnes.
V
Ao aproximar-se deste, o Homem leu, nas suas traseiras:
ACEITA OS OUTROS
V
Ao aproximar-se deste, o Homem leu, nas suas traseiras:
ACEITA OS OUTROS
Reparou então em todas as pessoas com quem tinha estado em toda a sua
vida, quer nas que tinha amado ou com quem tinha tido amizade, quer nas que lhe
tinham desagradado. Naqueles que tinha apoiado e naqueles contra quem tinha
lutado. Mas a sua maior surpresa foi que se apercebeu que agora nem notava as
suas imperfeições nem os seus defeitos, que antes tanto o incomodavam. Percebeu
que estava apto a retomar sua caminhada , de mãos dadas, com sua melhor parte,
o amor....
O Sábio perguntou-lhe então:
- Que aprendeste no teu Caminho?
O Homem respondeu:
- Aprendi que, estando em paz comigo mesmo, já nada me incomoda nos
outros, nada neles temo. Aprendi a amar e a aceitar os outros, total e
incondicionalmente.
O Sábio retorquiu:
O Sábio retorquiu:
- Isso é bom! Essa é a segunda regra da Sabedoria. Regressa agora ao
primeiro Portal.
VI
Aproximando-se deste, o Homem leu a inscrição:
VI
Aproximando-se deste, o Homem leu a inscrição:
ACEITA O MUNDO
O Homem pensou que também não vira estas palavras quando ali passara no
sentido contrário. Olhou à sua volta e reconheceu o Mundo que tentara conquistar,
transformar, mudar. Ficou estupefacto pelo Brilho e pela Beleza de tudo, pela
sua Perfeição. No entanto, era o mesmo Mundo de antes. Que mudara? O Mundo ou a
sua percepção dele? Será que era este mundo que o Amor queria me mostrar e,
intransigentemente, fiz questão de negar ?
O Sábio perguntou-lhe então:
- Que aprendeste no teu Caminho?
O Homem respondeu:
- Aprendi que o Mundo é o espelho da minha alma. Que a minha alma
realmente não pode ver o Mundo, que se vê a si própria nele. Quando a minha
alma está alegre, o Mundo parece-lhe alegre. Quando está triste, assim lhe
parece o Mundo. O Mundo em si não é alegre nem triste: Está lá. Existe, é tudo.
Não era o Mundo que me perturbava, mas a ideia que eu tinha dele. Aprendi a
aceitar o Mundo sem o julgar, a aceitá-lo total e incondicionalmente.Ninguem é
melhor do que eu,..ninguem esta no mundo para me ferir ou magoar, somente eu
sou capaz de me causar infortunios ao desacreditar no amor.
O Sábio retorquiu:
- Essa é a terceira regra da Sabedoria! Estás agora em consonância
contigo próprio, com os outros e com o Mundo.
Um profundo sentimento de Paz, de Serenidade, de Plenitude, encheu o
Homem.. Dentro dele, o Silêncio substituiu todo o fragor das lutas que travara.
E então o Sábio concluiu:
E então o Sábio concluiu:
- Agora, estás pronto para, quando chegar o momento, passares em paz o
último e desconhecido Portal, aquele que vai do Silêncio da Plenitude para a
Plenitude do Silêncio.
Adaptação de um texto de autor anônimo.
imagem - internet
Um comentário:
Como reflexão para a nossa vida......
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