segunda-feira, 29 de novembro de 2010

POSSO ESTAR ERRADO


Ele carregou aquele peso inútil durante todo o dia.
Saíra de casa afobado, nervoso, e ainda por cima, havia discutido com a esposa.
Defendera uma idéia, um pensamento, com unhas e dentes, como se não conseguisse admitir, de forma alguma, que sua opinião poderia não ser a verdadeira.
Foi grosseiro, teimoso e impaciente.
Voltava agora para casa, e ao sintonizar a rádio no carro, ouviu a frase: Posso estar errado.
Era um professor dizendo o quanto sua vida se tornou diferente, quando passou a considerar esta opção, perante os alunos.
Dizia que passaram a respeitá-lo mais do que antes, quando pretendia ser sempre o dono da verdade.
Afirmava que até mesmo os conteúdos, sendo passados de uma forma mais humilde, menos impositiva, eram melhor absorvidos pela classe.
Ele resumia sua teoria dizendo: Admitir falhas é o melhor caminho.
Será que costumamos fazer este exercício? Considerar, nesta ou naquela situação ou discussão, que podemos estar errados?
Ou ainda insistimos em achar que o nosso ponto de vista é sempre o mais correto?
Parece que, ao acharmos que estamos com a razão, acreditamos que a nossa opinião é mais importante do que a dos demais, e que tem de prevalecer.
Não percebemos, mas isso é manifestação do vício do orgulho, em uma de suas muitas formas de atuação.
Um exercício interessante é tentar, a cada momento, considerar a simples hipótese de que podemos estar errados, e fazer um esforço para enxergar as coisas por outro ângulo.
Podemos experimentar ser mais flexíveis e abertos e lembrarmos que algumas vezes podemos não estar com a razão.
Tal forma de agir nos ajuda a tomar decisões mais acertadas e, conseqüentemente, duradouras, pois elas não terão sido fruto de uma reação automática de nossa personalidade.
Ao nos desapegarmos da necessidade de estarmos sempre com a razão, transformamos nossas vidas numa experiência bem mais prazerosa.
Afinal, por que temos que estar sempre certos? Não parece um peso desnecessário que carregamos nos ombros?
Buscar acertar sempre é saudável, nos faz crescer. Porém, querer ser sempre o dono da verdade, é desperdício de energia. Além de ser uma pretensão muito grande.
O caminho para a verdade está em conhecer todos os ângulos possíveis de visão sobre algo, e isso só é possível ouvindo os outros, considerando as experiências alheias na construção de nosso conhecimento.
Quanto mais humildes, mais ouvimos. Quanto mais orgulhosos, mais queremos ser ouvidos.
Dale Carnegie, autor do best seller Como fazer amigos e influenciar pessoas, afirma que você nunca terá aborrecimentos admitindo que pode estar errado.
Isto evitará discussões e fará com que o outro companheiro se torne tão inteligente, e tão claro e tão sensato como foi você.
Fará com que ele também queira admitir que pode estar errado.
A inflexibilidade de uma opinião gera quase sempre aversão. Um gesto de humildade sempre inspira outro.


Redação do Momento Espírita com base em matéria da Revista Prana Yoga Journal, de março de 2008, ed. Brmidia e em trecho extraido do livro Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas, de Dale Carnegie, ed. Ibep.


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quarta-feira, 24 de novembro de 2010

NA COZINHA COM IRMÃO BARTOLOMEU


Karin Lamasaki

Situado no último andar da mais alta torre do mosteiro, o quarto do abade Luigi ocupava um lugar estratégico. A escolha do aposento não fora sem motivo, pois o prudente superior fazia questão de ter uma boa visão do mosteiro entregue pela Providência aos seus cuidados.

Naquela manhã, ao olhar pelas janelas, dois monges chamaram-lhe a atenção. O primeiro foi o Irmão Bartolomeu, o qual, subindo a trilha, voltava da cidade a arfar sob o peso de duas grandes alforges repletos de víveres por ele recebidos na feira da cidade.

Esse bom frade era homem simples, de pouca instrução, mas muito piedoso e dedicado. Conseguia os mantimentos e ele mesmo preparava-os, procurando, até onde permitia a pobreza franciscana, servir aos monges a melhor alimentação possível.

Da outra janela, o abade avistava o claustro. Sentado num banco de pedra, estava o segundo monge alvo das suas atenções. Tendo alguns livros empilhados à sua volta, Frei Lucrécio lia entusiasmado um grosso volume de apologética. Ele era quem ministrava as aulas aos jovens noviços, e a sua segurança em matéria doutrinária granjeara-lhe fama nas redondezas, a tal ponto que tanto leigos como religiosos vinham consultá-lo sobre intrincados pontos dos ensinamentos cristãos.

Observando os dois monges, o velho abade pôs-se a meditar na grandeza de Deus, que criava homens tão diferentes, mas fazia-os viver sob o mesmo tecto, irmanados pela mesma vocação, e chamados a servir os seus semelhantes de maneiras diversas.

* * *

No meio daquela tarde, alguém subiu os degraus da torre e bateu à porta do quarto do abade. Era Frei Lucrécio. Com um livro debaixo do braço, pedia uma conversa reservada com o seu superior.

— Então, o que te perturba, irmão?

— Nenhum problema pessoal, mas algo que diz respeito à nossa comunidade, senhor abade. Não podemos aceitar entre nós uma pessoa tão desqualificada como esse… esse Irmão Bartolomeu!

O abade Luigi levantou as sobrancelhas, um pouco surpreso. Que mal teria feito o humilde monge? E Frei Lucrécio continuou a dar argumentos para demonstrar como aquele homem tão ignorante causava malefício à comunidade:

— Ele simplifica tudo! Nunca consegue acompanhar os elevados raciocínios que eu, mestre em teologia, procuro transmitir. Ademais, tem costumes estranhos, como, por exemplo, na ocasião em que tentou ensinar um papagaio a rezar a Ave Maria…

O abade ouviu o monge apresentar as suas queixas com ar perplexo e sem dizer palavra. O seu olhar atento indicava estar a pensar rápido, porém profundamente. E quando o outro terminou de falar, respondeu:

— Pois bem. Tudo quanto me disseste é muito sério. Mas eu gostaria de ter mais dados, antes de tomar alguma atitude. Por exemplo, não sei exactamente o que ele faz na cozinha, quando fica sozinho. Assim, peço acompanhá-lo esta tarde na preparação do jantar, e depois apresenta-me um relato detalhado de tudo o que ele diz e faz. Fica atento a qualquer atitude na qual ele demonstre essa suposta mediocridade, ou ignorância, por si mencionada. Em função disso, tomaremos uma atitude.

* * *

E assim foi. No fim da tarde, o mestre de teologia apresentou-se na cozinha, para ajudar o irmão cozinheiro. Como este nunca discutia uma ordem superior, nada perguntou a respeito. Justo naquela noite, o prato da ceia seria esparguete com molho à bolonhesa. O douto monge observava com atenção tudo quanto o outro fazia. Além da carne picada, havia vários ingredientes que lhe pareciam bem saborosos, como, por exemplo, cebola, toucinho e tomate, este último por ele especialmente apreciado. Quando, porém, Frei Bartolomeu começou a cortar as cenouras, Frei Lucrécio protestou:

— Como? A tantas delícias, acrescentarás essas míseras cenouras? Esse vegetal mesquinho vai alterar completamente o gosto do molho!

— Mas… mas… eu sempre fiz assim! — disse o pobre cozinheiro.

— Pois bem, se quiseres, serve isso para os outros. Para mim, separa uma parte do molho, sem essas pérfidas cenouras.

Enquanto isso, Frei Lucrécio pensava consigo mesmo: “Aqui está, sem dúvida, uma prova da ignorância desse homem, pois em tudo o que ele faz procura acrescentar uma nota de mau gosto, como essa história das cenouras. Amanhã, vou contar isso ao abade”.

Na hora do jantar, todos comeram o esparguete com molho à bolonhesa convencional, excepto Frei Lucrécio, a quem foi servida a parte sem cenouras. Para a sua surpresa, o preparado estava horrivelmente ácido, a tal ponto que ele com dificuldade pôde terminar o prato. Como, porém, tinha sido uma exigência sua, ele comeu tudo sem reclamar…

* * *

Aquela não foi uma boa noite. O molho definitivamente não lhe caiu bem. Ele não conseguiu dormir direito, teve pesadelos e acordou várias vezes com enjoo. Na manhã seguinte, pálido e com olheiras, foi falar com o abade para apresentar o seu relato. Este impressionou-se com o aspecto doentio do douto mestre, o qual então lhe contou o ocorrido com o molho ácido, causa do seu mal-estar.

O experiente abade, sorrindo, disse-lhe:

— Sabe, Irmão Lucrécio, quando fui noviço, trabalhei um bom tempo na cozinha. Aliás, fui eu que pedi a Frei Bartolomeu para fazer o esparguete com molho à bolonhesa ontem. É bem interessante como a culinária, em certas ocasiões, apresenta exemplos úteis à vida religiosa. Na verdade, compor uma boa comunidade muitas vezes é como preparar uma boa receita: exige a sábia combinação de vários ingredientes. Veja o tomate: tem um sabor todo especial e é um dos elementos centrais do molho, mas torna-se ácido facilmente; por isso é necessário colocar junto dele a humilde cenoura, cuja função nessa receita não é dar sabor, mas justamente absorver a acidez do conjunto.

— Irmão Lucrécio, acredito que estejas a compreender bem esta comparação, mas quero deixá-la ainda mais clara. Assim como o cozinheiro na preparação da receita, também eu, na função de abade, devo cuidar de monges que me são preciosos pela sua sabedoria e doutrina, embora sejam por vezes “ácidos”. E para isso, ajuda-me dispor também de outros que não têm muita proeminência, mas, pela sua simplicidade, agem como as cenouras no molho à bolonhesa suavizam o conjunto. Entendes agora, irmão, porque me alegra poder ter-te e Frei Bartolomeu juntos na nossa comunidade?

Frei Lucrécio aceitou com humildade as palavras do seu virtuoso abade. Reconfortado, agradeceu o ensinamento e, após a bênção, dispôs-se a sair. Quando estava já à porta, disse-lhe ainda:

— Ah, um detalhe a mais, irmão: o molho ficou ácido também por não ter sido cozido durante o tempo suficiente; na culinária como na vida cristã, a paciência é uma virtude fundamental para que tanto o alimento quanto o convívio tenham sabor suave e agradável…


In Arautos de Fátima Maio 2007



texto - http://contadoresdestorias.wordpress.com/2007/11/04/na-cozinha-com-irmao-bartolomeu/

imagem - acnsf.org.br

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

DE OLHO NAS METAS


Era uma vez um cocheiro que dirigia uma carroça cheia de abóboras. A cada solavanco da carroça, ele olhava para trás e via que as abóboras estavam todas desarrumadas. Então ele parava, descia e colocava-as novamente no lugar. Mal reiniciava sua viagem, lá vinha outro solavanco e... tudo se desarrumava de novo.
Então ele começou a ficar desanimado e pensou:
"Jamais vou conseguir terminar minha viagem! É impossível dirigir nesta estrada de terra, conservando as abóboras arrumadas!".
Quando estava assim pensando, passou à sua frente outra carroça cheia de abóboras e ele observou que o cocheiro seguia em frente e nem olhava para trás: as abóboras que estavam desarrumadas organizavam-se sozinhas no próximo solavanco.
Foi quando ele compreendeu que, se colocasse a carroça em movimento na direção do local onde queria chegar, os próprios solavancos da carroça fariam com que as abóboras se acomodassem em seus devidos lugares.
Assim também é a nossa vida:
Quando paramos demais para olhar os problemas, perdemos tempo e nos distanciamos das nossas metas.

Desconheço o autor

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imagem - blog.cancaonova.com

sábado, 20 de novembro de 2010

VERDADEIRO AMOR!


Um senhor de idade chegou a um consultório médico,

para fazer um curativo em sua mão onde havia um profundo corte.

E muito apressado pediu urgência no atendimento,

pois tinha um compromisso.

O médico que o atendia, curioso perguntou o que

tinha de tão urgente para fazer.

O simpático velhinho lhe disse que todas as manhãs ia visitar

sua esposa que estava em um abrigo para idosos,

com mal de alzaimer muito avançado.

O médico muito preocupado com o atraso do atendimento disse:

- Então hoje ela ficará muito preocupada com sua demora?

No que o senhor respondeu:

-Não, ela já não sabe quem eu sou.

A quase cinco anos que não me reconhece mais.

O médico então questionou:

- Mas então para que tanta pressa, e necessidade em

estar com ela todas as manhãs, se ela já não o reconhece mais?

O velhinho então deu um sorriso e batendo de leve

no ombro do médico respondeu:

-Ela não sabe quem eu sou..Mas eu sei muito bem quem ela é!

O médico teve que segurar suas lágrimas enquanto pensava...

...É esse o tipo de Amor que quero para minha vida.

O verdadeiro AMOR, não se resume ao físico, nem ao romântico.

O verdadeiro AMOR, é aceitação de tudo que o outro é...

De tudo que foi um dia...do que será amanhã.. e do que já não é mais!


Desconheço o Autor


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quinta-feira, 18 de novembro de 2010

A VOZ DO CORAÇÃO


Ouvindo as nossas intuições, podemos escutar com precisão a voz que vem de dentro:
A VOZ DO CORAÇÃO!!!
Nunca deixe de fazer algo de bom que seu coração lhe pede.
O tempo poderá passar...
E a oportunidade também!!!
NÃO ESQUEÇA QUE:
META - a gente busca
CAMINHO - a gente acha
DESAFIO - a gente enfrenta
VIDA - a gente inventa
SAUDADE - a gente mata
SONHO a gente REALIZA !!!!!

Desconheço o autor


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sábado, 13 de novembro de 2010

PENSAMENTOS DE CONFÚCIO (KUNG-FU-TZE)


"Não corrigir nossas faltas é o mesmo que cometer novos erros".

"Quando vires um homem bom, tenta imitá-lo; quando vires um homem mau, examina-te a ti mesmo".

"Se queres prever o futuro, estuda o passado".

"O homem superior atribui a culpa a si próprio; o homem comum aos outros"."Saber o que é correcto e não o fazer é falta de coragem".

"A experiência é uma lanterna dependurada nas costas que apenas ilumina o caminho já percorrido".

"A humildade é a única base sólida de todas as virtudes".

"Quando os médicos diferem, o paciente morre".

"Exige muito de ti e espera pouco dos outros. Assim, evitarás muitos aborrecimentos".

"Escolhe um trabalho de que gostes, e não terás que trabalhar nem um dia na tua vida".

"Para conhecermos os amigos é necessário passar pelo sucesso e pela desgraça. No sucesso, verificamos a quantidade e, na desgraça, a qualidade".

"Foge por um instante do homem irado, mas foge sempre do hipócrita".

"Conta-me o teu passado e saberei o teu futuro".

"Quem se modera, raramente se perde".

"O sábio envergonha-se dos seus defeitos, mas não se envergonha de os corrigir".

"O silêncio é um amigo que nunca trai".

"De nada vale tentar ajudar aqueles que não ajudam a si mesmos".

"Para quê preocuparmo-nos com a morte? A vida tem tantos problemas que temos de resolver primeiro".

"Entre amigos as frequentes censuras afastam a amizade".

"Se não sabes, aprende; se já sabes, ensina".

"Eu não procuro saber as respostas, procuro compreender as perguntas".

"Ser ofendido não tem importância nenhuma, a não ser que nos continuemos a lembrar disso".

"Nem todos podem ser ilustres; mas todos podem ser bons".

"Para onde quer que fores, vai todo, leva junto teu coração".

"Não te suponhas tão grande ao ponto de pensares ver os outros menores que ti".

"Conte-me e eu esqueço. Mostre-me e eu apenas me lembro. Envolva-me e eu compreendo".

"Há três métodos para ganhar sabedoria: primeiro, por reflexão, que é o mais nobre; segundo, por imitação, que é o mais fácil; e terceiro, por experiência, que é o mais amargo."

" O homem de bem exige tudo de si próprio; o homem medíocre espera tudo dos outros".


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quinta-feira, 11 de novembro de 2010

TRANSFERÊNCIAS


Vivemos num mundo de transferências,
se pudermos,
transferimos nossos problemas,
arrumamos culpados pelo nosso fracasso,
transferimos nossa felicidade
para outras mãos,
nos transformamos em vítima
na primeira dor.

E é difícil não ser assim,
porque viver e assumir riscos
é complicado,
é preciso mais do que coragem,
é preciso amar-se de verdade.

Eis ai a chave para a sua libertação:
Goste-se!
Sinta prazer de estar em sua companhia!
Saiba de cor e salteado às
suas qualidades,
ressalte seus dons, seja sábio:
ouça mais do que fala,
não se compare com ninguém,
tenha metas arrojadas,
tenha em mente o que deseja.

Preste atenção em você, no seu corpo,
cuide dos seus pensamentos,
cuide do seu nível de amor.

Respeite-se!

Tudo começa e termina em você.
Por isso, comemore-se!
Vibre com cada pequena conquista
e não desista de tentar,
quantas vezes a vida pedir,
diga: presente!
Diga bem alto para a felicidade:
"eu estou aqui!"

Sabedoria é seguir tentando,
com respeito, humildade e paz,
sabendo-se merecedor,
a vida te reconhecerá assim.




terça-feira, 9 de novembro de 2010

PRÊMIO DARDOS




Agradeço, de coração, A Sara do blog SARACOTEAR (http://saracotear.blogspot.com) e da Patrícia Melo do blog LUZ DA ALMA (http://padmashanti.blogspot.com) por receber este selinho.

"O Prémio Dardos é o reconhecimento dos ideais que cada blogueiro emprega ao transmitir valores culturais, éticos, literários, pessoais, etc... que em suma, demonstram sua criatividade através do pensamento vivo que está e permanece intacto entre suas letras, e suas palavras."

As regras são estas:
- Exibir a imagem do selo no blog
- Exibir o link do blog que você recebeu a indicação
- Escolher 10, 15 ou 30 blogs para dar a indicação e avisá-los.

Fica cada vez mais difícil seguir as regras aqui. Por isso, peço perdão às minhas amigas que me ofereceram este selo, e, da minha parte, quero oferecer a todos que venham me visitar.
A estes ilustres visitantes, deixo à vontade de aceitarem ou não.

Um super abraço!!!

domingo, 7 de novembro de 2010

A VIDA


A vida é cheia de términos e novos começos.
A cada curva há algo que nos desafia,
seja o novo, formidável, ou simplesmente o familiar.
O que para uns é uma montanha intransponível,
para outros um desafio a vencer.
O que se torna sombrio para alguns,
ainda permanece iluminado para outros.
Os otimistas vêem o caminho à frente,
os pessimistas ficam tão ocupados em olhar para trás que não conseguem ver a solução bem diante deles.
Se ficarmos segurando a corda que nos arrasta para trás não teremos mãos livres para agarrar a corda que nos puxa para frente.

Desconheço o autor


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sexta-feira, 5 de novembro de 2010

A SUPERFÍCIE DO LAGO


E o lago era de uma beleza sem par. Suas águas aos raios do sol ou ao clarão do luar, brilhavam e, ao toque suave da brisa, se movimentavam com tanta cadência, obrigando aquele que por ali passasse, a parar, extasiado, ante tanta grandiosidade.

Mas a tempestade se avizinha, um tufão assustador remove tudo por onde passa e das montanhas rolam pedras que, num barulho ensurdecedor, caem ao fundo desse lago. Então ficamos decepcionados com a sua transformaçào. À penetraçào violenta de corpos estranhos e ao açoite do vento, aquelas águas cristalinas, brilhantes, convidando-nos a que nelas nos refletíssimos, transformaram-se num amontoado de detritos e lama, vindo à tona o que se ocultava no seu fundo. Dormitavam essas águas tão maravilhosas, sobre um leito de imundícies. Mas a sua superfície era tão bela, tão magnífica...

Que desencanto!...

Assim como esse lago são muitas criaturas; de aparência tão cativante, belas, cultas, serenas, enfim, levando consigo todos os dotes capazes de atrair todos que passarem no seu caminho. Sua fineza, seu requinte convidam a que delas nos acerquemos para desfrutar de sua companhia tão agradável...

Mas, algo acontece que as desgostam, uma nuvem mais escura ensombra o seu céu azul. São convidadas pela vida a uma experiência difícil, então aquela mesma desilusão que tivemos com a transformação do lago, teremos diante de sua reação. Aquele verniz de educação, aquela bondade estampada na sua fisionomia, aquela serenidade se diluem e vemos os desmandos dessas almas, ainda tão superficiais.

Mas assim como um lago pode ser dragado e suas águas ficarem limpas e transparentes desde a sua superfície até o seu leito, assim essas almas poderão, se o desejarem, também se deixarem dragar para que sua presença não seja apenas agradável e bela por fora, mas que o seu interior, seja igualmente límpido e capaz de, mesmo atingido pelas tempestades das circunstâncias da vida, permanecerem serenas.

A beleza física, os dotes intelectuais são acessórios agradáveis, mas não indispensáveis. A verdadeira beleza, aquela que não fenece com o tempo e dexia sempre o suave aroma de sua passagem, é a da alma que se libertou das ilusões do mundo, conservando a serenidade das águas tranquilas de um lago, exterior e sobretudo, interiormente.


Cenyra Pinto


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quarta-feira, 3 de novembro de 2010

MENINOS DE TODAS AS CORES


Conceição Dinis; Fátima Lima (org.)

Aventura das Letras

Porto, Porto Editora, 2003

Era uma vez um menino branco chamado Miguel, que vivia numa terra de meninos brancos e dizia:

É bom ser branco

porque é branco o açúcar, tão doce,

porque é branco o leite, tão saboroso,

porque é branca a neve, tão linda.

Mas certo dia o menino partiu numa grande viagem e chegou a uma terra onde todos os meninos eram amarelos. Arranjou uma amiga chamada Flor de Lótus, que, como todos os meninos amarelos, dizia:

É bom ser amarelo

porque é amarelo o Sol

e amarelo o girassol

mais a areia da praia.

O menino branco meteu-se num barco para continuar a sua viagem e parou numa terra onde todos os meninos são pretos. Fez-se amigo de um pequeno caçador chamado Lumumba que, como os outros meninos pretos, dizia:

É bom ser preto

como a noite

preto como as azeitonas

preto como as estradas que nos levam para

toda a parte.

O menino branco entrou depois num avião, que só parou numa terra onde todos os meninos são vermelhos.

Escolheu para brincar aos índios um menino chamado Pena de Águia. E o menino vermelho dizia:

É bom ser vermelho

da cor das fogueiras

da cor das cerejas

e da cor do sangue bem encarnado.

O menino branco foi correndo mundo até uma terra onde todos os meninos são castanhos. Aí fazia corridas de camelo com um menino chamado Ali-Babá, que dizia:

É bom ser castanho

como a terra do chão

os troncos das árvores

é tão bom ser castanho como um chocolate.

Quando o menino voltou à sua terra de meninos brancos, dizia:

É bom ser branco como o açúcar

amarelo como o Sol

preto como as estradas

vermelho como as fogueiras

castanho da cor do chocolate.

Enquanto, na escola, os meninos brancos pintavam em folhas brancas desenhos de meninos brancos, ele fazia grandes rodas com meninos sorridentes de todas as cores.


Luísa Ducla Soares



texto - http://contadoresdestorias.wordpress.com

imagem - eb1-helia-correia.rcts.pt

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