domingo, 31 de maio de 2009

FERNÃO CAPELO GAIVOTA À LUZ DO EVANGELHO


O objetivo do homem é a perfeição, o qual só se atinge através do próprio esforço.
Por ser o homem de natureza dinâmica, ele não consegue ficar estagnado por muito tempo. Necessita desenvolver as virtudes divinas. Porém, precisa lutar intensa e incansavelmente contra si mesmo, dominando os impulsos negativos que acumulou durante milênios.
Quando adquire a consciência sobre necessidade da reforma interior e parte para a luta, surge um grande obstáculo: fazer com que a comunidade, a sociedade, enfim, compreenda e aceite a sua mudança, isto porque os homens em sua maioria preferem ficar presos em si mesmos na ilusão de estar “curtindo” a vida. Foi como aconteceu com próprio Jesus que aqui veio nos ensinar o caminho do bem, do amor, da caridade e foi perseguido e até morto por aqueles que não o compreenderam.
Assim sendo, o homem novo busca novos caminhos para o seu aperfeiçoamento, objetivando subir a montanha da perfeição, onde vai encontrar outros companheiros incompreendidos por muitos outros, mas que comungam as mesmas idéias. À medida que sobe, vai compreendendo cada vez mais a necessidade de amar, servir e perdoar sempre, porque vê com os olhos da alma – na base da montanha – plêiade de almas na sua miséria moral, por quem sente imensa piedade e que necessitam de amparo, paciência e orientação daqueles que compreendem a lei do amor e da justiça. Volta, então, junto a esses que sofrem, para ajudá-los na busca da liberdade que cada um tem que conquistar e da felicidade.
Encontra muita incompreensão e também decepção; mas também alegria por parte daqueles que o compreenderão, apesar de minoria.
Aqueles que não compreendem acusam-no de filho de satanás, demônio entre outras coisas.
Sente, apesar das dificuldades, prazer em servir; mas sabe como ninguém, que para dar de si mesmo requer muita renúncia, amor e ser também amante da liberdade de bem servir.
Sabe que está bem sustentado pelo Alto e que é seu dever como devedor da misericórdia divina.

Jorge, baseado no livro "Fernão Capelo Gaivota"
imagem: Internet

sexta-feira, 29 de maio de 2009

PENSAMENTOS DE RABINDRANATH TAGORE


- A noite abre as flores em segredo, e deixa que o dia receba os agradecimentos.
- Ao arrancar suas pétalas, você não colhe a beleza da flor.
- Cada criança, ao nascer, traz-nos a mensagem de que Deus ainda não perdeu a esperança nos homens.
- Dormi e sonhei que a vida era alegria. Acordei e vi que a vida era serviço. Agi e, olhem só, serviço era alegria.
- O homem mergulha na multidão para afogar o grito do seu próprio silêncio.
- O Perfeito se reveste de beleza por amor ao Imperfeito.
- O poder pode ser alcançado por meio do conhecimento; mas só o amor nos leva à perfeição.
- Que eu reze, não para ser preservado dos perigos, mas para encará-los de frente.
- Se choras por ter perdido o sol as lágrimas não te permitirão ver as estrelas.
- Se fecharmos a porta a todos os erros, a verdade ficará de fora.
- Transformai uma árvore em lenha que ela arderá; mas, a partir de então, não dará mais flores, nem frutos.
imagem: Internet

quarta-feira, 27 de maio de 2009

O NÓ DO AFETO


Era um reunião numa escola. A diretora incentivava os pais a apoiarem as crianças, falando da necessidade da presença deles junto aos filhos. Mesmo sabendo que a maioria dos pais e mães trabalhava fora, ela tinha convicção da necessidade de acharem tempo para seus filhos.
Foi então que um pai, com seu jeito simples, explicou que saía tão cedo de casa, que seu filho ainda dormia e que, quando voltava, o pequeno, cansado, já adormecera. Explicou que não podia deixar de trabalhar tanto assim, pois estava cada vez mais difícil sustentar a família. E contou como isso o deixava angustiado, por praticamente só conviver com o filho nos fins de semana.
O pai, então, falou como tentava redimir-se, indo beijar a criança todas as noites, quando chegava em casa. Contou que a cada beijo, ele dava um pequeno nó no lençol, para que seu filho soubesse que ele estivera ali. Quando acordava, o menino sabia que seu pai o amava e lá estivera. E era o nó o meio de se ligarem um ao outro.
Aquela história emocionou a diretora da escola que, surpresa, verificou ser aquele menino um dos melhores e mais ajustados alunos da classe. E a fez refletir sobre as infinitas maneiras que pais e filhos têm de se comunicarem, de se fazerem presentes nas vidas uns dos outros. O pai encontrou sua forma simples, mas eficiente, de se fazer presente e, o mais importante, de que seu filho acreditasse na sua presença.
Para que a comunicação se instale, é preciso que os filhos 'ouçam' o coração dos pais ou responsáveis, pois os sentimentos falam mais alto do que as palavras. É por essa razão que um beijo, um abraço, um carinho, revestidos de puro afeto, curam até dor de cabeça, arranhão, ciúme do irmão, medo do escuro, etc.
Uma criança pode não entender certas palavras, mas sabe registrar e gravar um gesto de amor, mesmo que este seja um simples nó.E você? Tem dado um nó no lençol do seu filho?

(reproduzido da RevistaTiquinho - outubro/2001)

Eloi Zanetti é Consultor em Marketing, Comunicação Corporativa e Vendas, Palestrante e Escritor



segunda-feira, 25 de maio de 2009

NADA DE COITADINHO


Extraído do Jornal Espírita de Setembro de 2007

Nascido em Ituiutaba (MG)a vida do médium Jerônimo Mendonça (1939-1989) foi um exemplo de superação de limites. Totalmente paralítico há mais de trinta anos, sem mover nem o pescoço, cego há mais de vinte anos, com artrite reumatóide que lhe dava dores terríveis no peito e em todo o corpo, era levado por mãos amigas pelo Brasil afora, para proferir palestras. Foi tão grande o seu exemplo que foi apelidado "O Gigante Deitado" pelos amigos e pela imprensa.
Houve uma época, em meados de 1960, quando ainda enxergava, que Jerônimo quase desencarnou. Uma hemorragia acentuada, das vias urinárias, o acometeu. Estava internado num hospital de Ituiutaba quando o médico, amigo, chamou seus companheiros espíritas que ali estavam e lhes disse que o caso não tinha solução. A hemorragia não cedia e ele ia desencarnar.
- Doutor, será que podemos pelo menos levá-lo até Uberaba, para despedir-se de Chico Xavier? Eles são muitos amigos.- Só se for de avião. De carro ele morre no meio do caminho.
Um de seus amigos tinha avião. Levaram-no para Uberaba. O lençol que o cobria era branco. Quando chegaram a Uberaba, estava vermelho, tinto de sangue. Chegaram à Comunhão Espírita, onde o Chico trabalhava então. Naquela hora ele não estava, participava de trabalho de peregrinação, visita fraterna, levando o pão e o evangelho aos pobres e doentes.
Ao chegar, vendo o amigo vermelho de sangue disse o Chico:- Olha só quem está nos visitando! O Jerônimo! Está parecendo uma rosa vermelha! Vamos todos dar uma beijo nessa rosa, mas com muito cuidado para ela não "despetalar".
Um a um os companheiros passavam e lhe davam um suave beijo no rosto. Ele sentia a vibração da energia fluídica que recebia em cada beijo. Finalmente, Chico deu-lhe um beijo, colocando a mão no seu abdome, permanecendo assim por alguns minutos. Era a sensação de um choque de alta voltagem saindo da mão de Chico, o que Jerônimo percebeu. A hemorragia parou.
Ele que, fraco, havia ido ali se despedir, para desencarnar, acabou fazendo a explanação evangélica, a pedido de Chico, e em seguida veio a explicação:
- Você sabe o porquê desta hemorragia, Jerônimo?
- Não, Chico.
- Foi porque você aceitou o "coitadinho". Coitadinho do Jerônimo, coitadinho... Você desenvolveu a autopiedade. Começou a ter dó de você mesmo. Isso gerou um processo destrutivo. O seu pensamento negativo fluidicamente interferiu no seu corpo físico, gerando a lesão. Doravante, Jerônimo, vença o coitadinho. Tenha bom ânimo, alegre-se, cante, brinque, para que os outros não sintam piedade de você.
Ele seguiu o conselho. A partir de então, após as palestras, ele cantava e contava histórias hilariantes sobre as suas dificuldades. A maioria das pessoas esquecia, nestes momentos, que ele era cego e paralítico. Tornava-se igual aos sadios.
Sobreviveu quase trinta anos após a hemorragia "fatal". Venceu o "coitadinho".
Que essa história nos seja um exemplo, para que nos momentos difíceis tenhamos bom ânimo, vencendo a nossa tendência natural de autopiedade e esmorecimento.


Imagem: Internet

sexta-feira, 22 de maio de 2009

DEPRESSÃO - ONDE ESTÁ?



Eu era uma mesa novinha. Bonita. Feita pelas mãos do melhor carpinteiro do mundo...
Fui entalhada com amor, com matéria prima de qualidade. Nasci forte. Meus detalhes foram esculpidos com sentimento, com o carinho das mãos do meu pai. Não há outra mesa como eu em toda Terra.
Participei de bons momentos. Ajudei muito. Estive presente nos tempos de alegria e nos tempos de dificuldade. Sempre firme, segurando tudo e a todos.
Jamais rejeitei uma carga, mesmo que estivesse acima da minha capacidade...
Quanto significado tive na vida dos que me rodeiam!
Participei do progresso, da luta. Recebi lágrimas e risos. Sempre me doei e sei que se não estivesse ali, faria muita falta. Mas, como sempre estava, quase nunca era notada.
E assim transcorreu minha vida. Como a vida da maioria das mesas: sempre muito participante, cooperando, mas sem reclamar muitos cuidados. Afinal, a função da mesa é servir.
Mas o tempo passou, e com ele, e a falta de cuidado, fui me desgastando. Minhas quinas um pouco rachadas tornaram-se ásperas. Às vezes, acabava ferindo alguém, mas não era de propósito.
Talvez, se tivessem me restaurado no início, eu voltasse a ser bela e útil como antes. Mas a vida é tão corrida e não há tempo a perder com restaurações...
Mesmo apesar do desgaste, do mau uso e da falta de cuidado, prossegui em minha missão, doando o melhor de mim.
As pessoas ao redor acostumaram-se com minhas arestas e, para evitar um ferimento, desviavam-se de mim.
Quando necessitavam, chegavam com cautela para que não houvesse atrito entre nós.
Apesar do meu esforço, pude perceber que algo me roía por dentro. Já não tinha a mesma força de antes. Sentia minhas pernas fraquejarem ao menor peso. Meu tampão antes tão belo e forte, agora cheio de manchas e rabiscos, parecia afundar em si mesmo.
Senti medo, pois não sabia o que estava acontecendo, mas ainda queria servir e estar presente.
Um dia, quase sem perceber, desmoronei.
O peso era pequeno, mas para mim parecia uma tonelada!
Quebrei o que estava sobre mim e também algumas coisas à minha volta.
Feri os que eu mais amava, pois estavam mais próximos na hora da queda.
Todos me olharam com espanto, alguns com indignação, outras com raiva.
Ninguém esperava aquilo. Nem eu. Mas já havia sido devorada, em meu interior, por bichinhos rápidos e silenciosos chamados "cupins".
Os cupins costumam deixar uma "sujeirinha", mas a pressa, às vezes nos impede de parar e socorrer a mesa antes que ela desabe. Afinal ela ainda está servindo para a sua finalidade...

Sabe, esse cupim se chama DEPRESSÃO.
A mesa sou eu. A mesa é você. É sua mãe que lhe importuna. É seu avô que reclama demais. É seu filho rebelde. É seu namorado ciumento e estressado. O marido ausente e pessimista.
Relendo a história da mesa, você poderá considerar sua própria vida, e a vida daqueles que a cercam.
Estamos caminhando para o mesmo fim?
Eu lhe digo.
Mesmo que a sua mesa tenha caído, mesmo que ela tenha quebrado muitas coisas e pareça imprestável; mesmo que vá dar muito trabalho consertá-la, CONSERTE-A!
Não descarte seus pais, seus filhos, seu cônjuge, seus amigos...
Não descarte a si mesma!
É possível a restauração!
A pessoa deprimida é aquela que doou tudo de si, que esvaziou-se por completo para alcançar algo que ela considerava um bem...
A pessoa deprimida precisa de companhia. Alguém que ajude a encontrar o melhor material para preencher os vazios que a depressão causou. Que ajude a aparar as arestas. Alguém que a queira nova outra vez.
Se, para todo bem, há uma participação Divina, Deus neste momento está providenciando o necessário para que você encontre forças e alternativas para ajudar.
Se você está em depressão, erga os olhos.
A ajuda vem do alto.
Mas também vem dos lados: de um abraço, uma conversa, uma carta, um e-mail.
Lembre-se de que, para Deus, tudo é possível.
É POSSÍVEL SER UMA MESA NOVA!


"A depressão é uma travessia. Ela pode durar muito ou pouco. Mas, em qualquer das hipóteses, fica mais fácil na companhia de Deus, da família e dos amigos verdadeiros. Confie!"

Carlos Milton
imagem: Internet

domingo, 17 de maio de 2009

ANSEIOS DA CIÊNCIA


O grande impulso da ciência foi dado pela civilização ocidental, no último século do 2.° milênio d.C. A posição material muito contribuiu para estudos e análises dos fenômenos; realmente houve uma pesquisa reducionista, de perto observando a matéria. Entretanto, com o apuro científico, se foi observando que, além da matéria existia algo mais como que completando o fenômeno. Assim, projetou-se o dualismo (matéria e espírito) como elementos separados, correspondendo a seus próprios parâmetros.
Nos dias atuais o dualismo, bastante difundido no ocidente, não está satisfazendo os porquês que, aqui e ali, a ciência vai exigindo. Muitos fenômenos tem mostrado e como que revelando a impossibilidade de dissociação desses elementos (matéria e espírito) isto é, a necessidade da existência de um campo específico orientando e motivando a zona material, pertencentes à mesma fonte criadora. Assim vicejou a idéia monística, que já vem de longa data fazendo parte dos pensamentos orientais.
Devido as exigências do dualismo, com acendrada pesquisa reduclonlsta, existe um real cansaço no pensamento ocidental, que se acentua pela insistente idéia de que as leis e a fenomenologia mais avançada serão reveladas na exclusiva pesquisa material. Por isso, algumas correntes de pensamento entendem que há necessidade do ocidente lançar as suas sondas para o oriente monístico, a fim de colher idéias e modelos psicológicos intuitivos. Tais modelos já foram bem ventilados, na antiga Grécia, por Pitágoras, Sócrates, Platão e muitos outros, inclusive Heráclito, cujos trabalhos filosóficos foram propostos e sedimentados numa posição de unicidade, onde as forças opostas da vida estariam subordinadas ao equilíbrio do Logos; isto é, Heráclito percebeu a necessidade de existência de um elemento orientador de características psicológicas nos campos da vida.
O sentido dualista, no século XVII, tomou posição com Descartes que Ihe deu reinado no cenário da vida. Já era coisa boa, porquanto nesta época falava-se, acatava-se e defendia-se exclusivamente a posição espiritual com forte teor de misticismo. Entretanto, a ciência, com a visão mecanicista do universo, avançou com as elaborações de Isaac Newton, que praticamente dominou a ciência por todo século XIX e metade do século XX. De meados do século XX para cá houve um chamamento de unicidade, fazendo ressaltar no estofo científico a necessidade do pensamento monístico como uma das fontes promissoras do conhecimento.
A ciência, com suas novas exigências, está procurando seguir o caminho unicista, embora, aqui e ali, com seu racional sempre alerta, afasta-se um pouco do processo intuitivo. Esses dois modelos, o racional e o intuitivo, são úteis e necessários. Utilizar uma única trilha é bem difícil, pela exigência de adequação calcada na seleção de experiências. O modelo racional limita-se a um fato separado dos demais; no modelo intuitivo a visão é de conjunto. Neste último, o freio da consciência está quase sempre presente por não conseguir acompanhar o processo de largos horizontes, propiciando, muitas vezes, perda de contato.
Acreditamos no campo científico, na unificação do racional com o intuitivo como uma real exigência da evolução do pensamento, isto é, do psiquismo humano. O exagero de apreciação, tanto no modelo reducionista quanto o intuitivo, nos levam a extremos desconfortáveis. Foi o que aconteceu com muitos grupos humanos orientais que se hipertrofiaram em conduta mística sem os devidos suportes. Por sua vez, o ocidente se foi afogando no excesso de endeusamento das técnicas materiais.
Grande parte do oriente e ocidente estão desejosos de encontrarem o ponto de equilíbrio, buscando a unidade. A fim de que haja crescimento de nossa civilização, terá de haver unicidade em todas as proposições, onde o ideal como fonte criativa será a bandeira do entendimento.
A física moderna, com suas pesquisas, chegou à conclusão de muitos conceitos orientalistas pregressos, embora reveIados de modo simbólico. O que observamos, com nossos padrões científicos, nas coisas, não é o próprio território e sim pequenas partes de seu mapa, onde os conceitos serão compreensivelmente limitados e longe da realidade. Bem claro que os nossos métodos e modelos científicos são importantes para focalizarmos a pesquisa, embora não representem a trilha definitiva. Assim é que a criação do conceito espaço-tempo, na teoria da relatividade, foi a grande viga mestra científica dos tempos atuais na elucidação de muitos porquês. Certas escolas orientais não dão importância que os ocidentais possuem sobre as figuras geométricas representativas dos campos materiais; eles estão mais ligados nas razões do espaço-tempo refletindo verdadeiros e autênticos "estados particulares de consciência", donde ressaltam inusitadas percepções. As experiências meditativas do oriental, atingindo estados dimensionais diversos, de acordo com a evolução que cada qual possui, assemelha-se, até certo grau, às razões da física moderna (F. Capra).
Os campos dimensionais atômicos, mostrando-se às expensas das partículas que lhes definem a natureza, seriam sustentados por desconhecidos campos dimensionais, refletindo-se em variadas e infinitas modalidades de vida. Cada dimensão refletiria o seu próprio modo de vida, sustentado por campos mais avançados, em cadeia, cujos dinamismos seriam acolitados pela essência divina—a reflexão do Deus Imanente—, onde seu ponto de irradiação-impulsão estaria no Infinito—o Deus Transcendente.
A vida não representa posição estática como algo, um ponto ou uma coisa a ser avaliada; é um estado de contínua mutação dinâmica. Nada se encontra parado. As interações são imensas dando origem aos fenômenos que não são objetos ou pontos, mas um movimento contínuo que tentamos pará-lo para entendê-lo como alguma coisa.
A realidade última, que se perde fenomenicamente em manifestações diversas, é bem especificada no mundo oriental. Está representada pela palavra Brahman que é vida e dinamismo; está nos Upanishads, aquilo que se move e não tem forma. Os budistas referem-se a Dharmakaya (o corpo do ser) como sendo a qüididade; na China o Tao dos taoístas possui a mesma representação.
Dentro do mundo do átomo, onde vários modelos estão sempre em constantes mutações, a teoria da relatividade e dos quanta ainda representam conceitos valorosos e mesmo bases para muitas avaliações. Um modelo unicista tentando fornecer um pensamento de totalidade, como se fora um legítimo holismo, ainda está sendo muito questionado, apesar dos trabalhos realizados pelo grande físico Stephen Hawking. Uma coisa, entretanto, que vem da filosofia oriental a esbarrar na ciência dos nossos dias, como autêntico valor, é a inclusão da consciência humana como elemento essencial de adequação nas futuras teorias do mundo atômico; isto é, a influência do pensamento humano no mundo da matéria e das energias, de modo a participarem de um bloco de equilíbrio.
Visão de tal quilate só poderá ser abordada intuitivamente. A análise intelectual não possui lastros para esse entendimento por ter limites avaliativos. A física moderna ainda não conseguiu unificar a teoria quântica com a teoria geral da relatividade numa teoria quântica da gravidade, embora seja esse o caminho na opinião dos físicos teóricos de maior credibilidade.
A teoria quântica procura demonstrar o teor dinâmico, por excelência, das partículas atômicas traduzindo interconexões, onde estará presente e incluída a consciência humana do observador. O tecido cósmico é complexo e ainda pouco compreendido, embora o físico Geoffrey Chew, com seus modelos, esteja tentando uma posição que traduza o interrelacionamento dos eventos dinâmicos, onde uma parte qualquer seja o resultado do todo. Assim, não existem elementos fundamentais, sendo a estrutura da rede o intercâmbio coerente das inter-relações no campo ultramicroscópico do átomo. Logo, as partículas não representam elementos separados, mas ajustados padrões de energias em constante processamento dinâmico.
David Bohm criou a idéia de holomovimento, onde o todo pode ser encontrado numa das partes, embora sem detalhes; tudo isso, ligado a uma ordem que denominou de "ordem implícita", e que poderíamos denominá-la de "ordem espiritual" na intimidade dos fenômenos. Estes se organizam e se mostram diante a imposição do comando espiritual na estruturação dos elementos.
Muitos físicos e ainda poucos biologistas estão buscando e caminhando para o Espírito; aqueles por serem ambiciosos em seus vôos científicos, estes pela prudência e respeito às regras oficiais. A futura ciência estará intimamente relacionada ao Espírito, porquanto os fenômenos e fatos, sem exceção, estarão banhados e envolvidos em suas irradiações. O impulso espiritual funcionaria como estrutura organizadora; devido ser esta tão ajustada e seguindo caminhos bem adequados, mostrando ordem inteligente, propiciou a idéia dos físicos de considerarem o Universo como um "pensamento organizado". É como se existisse uma incontável cadeia PSI (degraus evolutivos), subordinada ao grande PSI Divino, caminhando sem cessar em busca do Infinito...


Dr. Jorge Andréa

Fonte: Busca do Campo Espiritual pela Ciência – Jorge Andréa dos Santos.


sexta-feira, 15 de maio de 2009

PRECE IRLANDESA


Que a estrada se abra à sua frente.

Que o vento sopre levemente em suas costas.

Que o sol brilhe morno e suave em sua face.

Que a chuva caia de mansinho em seus campos.

E até que nos encontremos de novo,

que Deus lhe guarde na palma de suas mãos.

imagem: Internet

quarta-feira, 13 de maio de 2009

A MALA DE HANA


Pertenceu a uma menina separada da família pelos nazis e, actualmente, representa uma mensagem de esperança.
Deborah Cowley


FOI NUM DIA LUMINOSO de Outubro de 1944 que Hana Brady, de 13 anos, desceu da tarimba na caserna Kinderheim, em Theresienstadt, o campo de concentração nazi na Checoslováquia onde vivia há mais de dois anos. Havia rumores de que os nazis estavam a acelerar a deportação de crianças deste campo. Por essa razão, todas as manhãs ela percorria o átrio a correr para verificar nas listas quais aqueles que recebiam ordens para partir no próximo comboio para leste. Com o coração aos pulos, percorreu com o dedo todos os nomes das colunas. De repente, descobriu o dela.
Ninguém lhe dizia para onde é que os comboios iam, mas como a sua cabeça era uma grande confusão, só um pensamento a confortava: podia ser que encontrasse George, o seu querido irmão de 16 anos, que tinha partido naquele mesmo comboio quatro semanas antes.
Nessa noite, abriu a mala castanha de pele e nela arrumou as roupas e alguns dos seus desenhos favoritos. Lavou a cara e o cabelo e fez um rabo-de-cavalo. Na manhã seguinte, foi levada juntamente com um grupo de outras meninas judias para dentro de um vagão de mercadorias. Durante um dia e quase uma noite, o comboio deslizou vagarosamente na direcção de leste, atravessando uma região rural árida. Não havia comida, nem água, nem casa de banho dentro do vagão. A meio da noite de 23 de Outubro de 1944, e depois de ter atravessado a fronteira com a Polónia, o comboio parou bruscamente com grande barulho.
As portas abriram-se e um guarda levou as raparigas do vagão para a escuridão. Hana acabara de chegar a Auschwitz, o mais famoso dos campos de concentração nazis.

APENAS 13 ANOS ANTES, a 16 de Maio de 1931, Hana nascera na aldeia checa de Nove Mesto. Ela e George tinham sido criados no seio de uma família calorosa e dedicada chefiada pelo pai, Karel, proprietário da loja principal da aldeia, e a mãe, Marketa, que ajudava a atender os clientes. Hana levava uma vida feliz a brincar com o irmão, os dois gatos e a muito querida cadela Sylva, da raça pastor alemão. Os verões eram preenchidos com piqueniques no campo, e os invernos, com passeios de trenó e a esquiar pela região das montanhas vizinhas.
Havia, no entanto, uma coisa que punha a família Brady à parte: eram judeus. Uma de apenas três famílias judias na aldeia. Mas, com exceção de George, que tinha tido umas breves aulas semanais acerca da sua religião, as crianças Brady não se sentiam diferentes dos seus amigos, e também ninguém parecia tratá-las de maneira diferente.
A 15 de Março de 1939, a sua existência idílica foi abalada As tropas de Hitler entraram na Checoslováquia e estabeleceram regras estritas para os Judeus. Só podiam sair de casa a determinadas horas e fazer as compras apenas a horas específicas. Tinham de usar uma estrela de tecido amarelo cosida aos casacos onde estava escrita a palavra Jude (judeu). O rádio dos Brady – o único elo de ligação ao que se passava no Mundo – foi confiscado.
Hana e George, na altura com 8 e 11 anos, não podiam brincar na rua, ir ao cinema ou a qualquer acontecimento desportivo. Também foram proibidos de ir à escola, por isso a mãe contratou professores particulares para os ensinar em casa. Face a tal hostilização, os dois irmãos desenvolveram uma ligação especial. Mas o pior ainda estava para vir.
Em Março de 1941, a Gestapo prendeu a mãe. A família soube que fora enviada para Ravensbruck, um campo de concentração para mulheres na Alemanha. Pouco depois, prenderam o pai Um conhecido dele, judeu, teve a ousadia de desafiar as restrições. Recusou-se a recortar a estrela e, em vez disso, usava o tecido todo cosido ao casaco. Este acto isolado levou a que o oficial nazi prendesse todos os homens judeus da aldeia. Karel Brady abraçou os filhos, despedindo-se deles, disse-lhes para serem corajosos e desapareceu.
Devastados, Hana e George foram viver com o tio Ludwig, um cristão que tinha casado com a irmã do pai. Cada um levou uma mala com roupa. Rana escolheu a sua favorita – uma mala grande e castanha com um forro às pintinhas. Antes de os nazis confiscarem o apartamento dos pais, George retirou todas as fotografias da família e escondeu-as em casa do tio.
A campanha de terror nazi continuou. A 14 de Maio de 1942, a Gestapo ordenou que Hana e George fossem para um centro de deportação a 50 km de distância. Ali embarcaram num comboio para Theresienstadt, um antigo quartel militar com grandes muros de tijolo vermelho. No princípio da guerra, foi transformado pelos nazis num campo de passagem para 50 000 prisioneiros, muitos deles crianças, cujo destino final seria Auschwitz.
George foi enviado para a caserna dos rapazes e trabalhou com um canalizador que lhe ensinou o ofício. Hana foi para outro edifício, chamado Kinderheirn L410, a 0,5 km de distância. A comida era escassa e dormiam em tarimbas divididas em três camadas numa caserna gelada cheia de insectos e ratazanas. Hana ansiava por ver o irmão, mas só ao fim de várias semanas lhe foi permitido vê-lo … duas preciosas horas por semana. Levava sempre consigo parte da sua ração de comida para partilhar com George, porque ela achava que ele precisava de mais.
À medida que os meses passavam, havia cada vez mais judeus no campo. As rações de comida iam diminuindo. As doenças alastravam. Em Setembro de 1944, os nazis viram que estavam a perder a guerra e, por essa razão, aceleraram as deportações em vagões de mercadorias para Auschwitz.
Um dia, Hana recebeu a notícia que mais receava: o nome de George apareceu na lista de deportações. Antes de partir, tentou consolá-la. Disse-lhe que tinha prometido a si próprio que a levaria de novo para casa sã e salva.
«Não vou faltar a essa promessa», garantiu-lhe.
GEORGE BRADY PASSOU cinco meses de pesadelo em Auschwitz, suportando longas horas de trabalho extenuante, passando fome e regressando todos os dias para ver pessoas serem levadas para as câmaras de gás. Milagrosamente, sobreviveu.
Quando Auschwitz foi libertado em Janeiro de 1945 e ele saiu em liberdade, era um jovem de 17 anos escanzelado e sem forças.
Após a sua libertação, George viajou a pé e de comboio, chegando finalmente a casa em Maio de 1945. Ali encontrou a família do tio Ludwig. Através deles, soube a verdade lancinante: o pai e a mãe tinham morrido em Auschwitz em1942.
De Hana não havia notícias.
Durante meses, George procurou a irmã. Fez investigações em Praga, mas ninguém o pôde ajudar. Perguntou a todos os sobreviventes de Auschwitz que encontrou se a tinham visto. Sabia que ela tinha ido para Auschwitz e, lá no fundo, suspeitava que não tinha sobrevivido.
Mas não perdeu a esperança.
Um dia, enquanto percorria uma rua de Praga, uma adolescente abordou-o. Tinha sido amiga de Hana em Theresienstadt e reconheceu George. Foi ela que lhe deu a terrível notícia: Hana fora morta nas câmaras de gás em Auschwitz no dia a seguir a ter chegado …
Em 1951, George emigrou para Toronto à procura de uma nova vida. Um ano mais tarde, juntou-se a um outro sobrevivente do Holocausto e montaram um bem-sucedido negócio de canalizadores.
Casou e foi pai de três rapazes e uma rapariga, mas nunca esqueceu a irmã. Tinha pesadelos recorrentes com ela e viveu sempre atormentado pelo facto de não ter sido capaz de manter a promessa que lhe fez.

MEIO SÉCULO mais tarde, em Agosto de 2000, George Brady, agora com 72 anos, foi buscar o correio matinal à porta da sua casa, no Norte de Toronto. Escondido no meio de uma série de contas para pagar, estava um grande envelope castanho coberto com selos japoneses.
«Não conheço ninguém no Japão», pensou enquanto rasgava o envelope. Lá dentro, encontrou uma longa carta de uma jovem japonesa, Fumiko Ishioka. Preocupada com a escalada de medo e violência entre as crianças nas escolas japonesas, ela e um grupo de amigos decidiram que as crianças podiam tirar uma lição valiosa do Holocausto, «pensar no valor da vida, de outras religiões e culturas e gostar das diferenças nas pessoas».
Fumiko sabia muito pouco do Holocausto antes de aprofundar este projecto. Tendo crescido no Japão, nunca conhecera nenhum judeu, e os pais nunca falavam da guerra. O seu livro de história da escola secundária dedicava três linhas ao assunto. «Até há pouco tempo, as pessoas no Japão nem sequer conheciam a palavra “Holocausto”», dizia ela. «Lemos o Diário de Anne Frank na escola, mas não pensávamos na razão pela qual ela foi morta.»
Foi uma visita que fez ao Museu em Memória do Holocausto, em Washington DC, e o seu primeiro contacto com os sobreviventes do Holocausto que a chocaram profundamente.
Fumiko e os amigos alugaram um quarto na Baixa de Tóquio, recolheram fotografias e cartazes e, em Outubro de 1998, abriram o Centro de Recursos para o Ensino do Holocausto das Crianças.
Mas Fumiko não estava satisfeita com as exposições sem vida. Ela queria trazer o Holocausto ao vivo, com artefactos reais relacionados com o seu horror. Depois de uma viagem a Israel, a trabalhar como intérprete numa conferência, Fumiko decidiu regressar a casa através da Europa e visitar o Museu do Holocausto, em Auschwitz. «Pedi ao conservador do museu um sapato e uma mala que tivessem pertencido a uma criança morta na câmara de gás. Pensei que tais pertences haveriam de mostrar como era permitido a estas crianças judias levarem apenas uma mala quando eram deportadas. Estaríamos assim a ajudar os nossos filhos a perceberem algo sobre o sofrimento das vidas daquelas crianças.»
Algumas semanas mais tarde, chegou uma grande caixa ao centro. No seu interior, Fumiko encontrou uma meia, um sapato e uma camisola de criança, uma lata de gás venenoso Zyklon B e uma mala velha castanha forrada com um tecido às pintinhas. «Quando a abri, tinha o cheiro próprio do couro velho. Na parte de cima, escrito a tinta branca, estava o nome “Hana Brady”; por baixo, a data de nascimento, 16 de Maio de 1931, e a palavra Waisenkind (órfã em alemão).
As crianças ficaram muito entusiasmadas com a mala. Pintaram quadros e escreveram poemas e histórias acerca dela. Foi colocada numa vitrina para os visitantes a verem. Mas estavam sempre a perguntar a Fumiko: «Quem foi Hana Brady?» «Como é que ela era?» «Como é que tinha sido a sua vida?» «Também eu tinha muita curiosidade acerca desta menina», diz Fumiko.
«Tinha de encontrar as respostas.»
Voltou a escrever para Auschwitz e, ao fim de muito tempo, disseram-lhe que tinham encontrado uma lista que indicava que Hana havia sido transportada de Theresienstadt para Auschwitz. «Eu sabia que as meninas de Theresienstadt tinham feito muitos desenhos», comentou Fumiko. «Por isso, pensei que a Hana, que na altura teria 11 ou 12 anos, pudesse ser uma delas.»
A seguir, contactou o Museu do Gueto Terezin, na República Checa, para ver se tinham alguns dos trabalhos de Hana. «Disseram que sim. Fiquei muito entusiasmada quando recebi cópias de quatro dos seus bonitos desenhos, cada um deles assinado por ela no canto superior.»
No seguimento de outro trabalho de tradução, desta vez na Europa, Fumiko foi visitar pessoalmente o Museu Therezin. Chegou a Praga, onde fez uma paragem de um dia, e foi de autocarro para Therezin. Por sorte, quando lá chegou encontrou Ludmila Chladkova, a directora do Departamento de Educação do museu.
Com a ajuda de Ludmila, Fumiko passou a pente fino as longas listas de «registos de transporte», papéis amarelados e a desfazerem-se que mostravam pormenores de mais de 90 000 prisioneiros enviados para Auschwitz e outros sítios.
«De repente, lá estava o nome dela: Hana Brady», disse Fumiko, sorrindo com a recordação. «Um pequeno visto de verificação ao lado do nome dela mostrava que tinha morrido.
Mas ao lado reparei noutro Brady, um tal George Brady que era três anos mais velho …. e que não tinha um visto no nome!»
Ludmila fez uma pausa para pensar.
«Podiam ser irmãos. Brady não é um nome muito vulgar. Tinham idades próximas e vieram da mesma localidade», disse.
Será que ela sabia onde é que George morava?
Ludmila examinou outras listas e, de repente, viu o nome de Kurt Kotouc, um homem que ela achava que tinha partilhado uma tarimba com ele.
Apenas com algumas horas disponíveis antes do voo, Fumiko saltou para o autocarro de volta a Praga e foi a correr ao Museu Judeu daquela cidade. Ali, o conservador do museu fez alguns telefonemas. Sim, Kotouc estava vivo e morava em Praga. O conservador conseguiu finalmente falar com ele, que concordou em encontrar-se com Fumiko. «Ele disse-me que, efectivamente, conhecia George. Estava vivo e a morar em Toronto. Deu-me a morada dele e saiu.»

FUMIKO REGRESSOU ao Japão e escreveu imediatamente a George, pedindo informações sobre Hana. «Eu estava receosa de lhe escrever. Ele podia ficar aborrecido por o lembrar da irmã.»
Mas não precisava de preocupar-se. George Brady ficou tão emocionado com a carta que não só lhe enviou pormenores da irmã e da vida idílica que levaram em Nove Mesto, mas também fotografias da sua bonita mana loura retiradas da caixa que salvara.
Fumiko ficou louca de alegria quando recebeu aquela carta. «As minhas mãos tremiam à medida que lia coisas sobre Hana e a família. Finalmente, sabia que tipo de rapariga é que tinha sido nos seus dias felizes.»
Num trabalho que lhe levou várias horas a fazer, fez uma montagem de fotografias e desenhos e compilou todas as histórias sobre Hana num pequeno opúsculo que as crianças ilustraram. Também construíram um pavilhão para expor o seu mais importante objecto: a mala de Hana. Após várias semanas de preparação, a exposição abriu: «A Mala de Hana».

EM FEVEREIRO DE 2001, George Brady, então com 74 anos, juntamente com a sua filha de 17, Lara Hana, aceitaram o convite para visitar Fumiko no Japão. Quando chegaram ao museu, as crianças correram a recebê-los com um banho de flores de papel e um milhar de grous, também eles feitos de papel, que são um símbolo de paz no Japão. Depois, Fumiko pegou no braço de George e levou-o até à exposição. Ali, e pela primeira vez em mais de 50 anos, viu a mala da irmã com o seu nome, Hana Brady, escrito na parte de cima em grossas letras brancas. Emocionou-se até às lágrimas.
Antes de partir, George disse às crianças que a sua irmã sempre quisera ser professora. «E agora, graças a Fumiko e a vocês … a Hana está a viver o seu sonho.»

Este episódio inspirou um livro para crianças com o título Hana’s Suitcase, da autoria da escritora canadiana Karen Levine, publicado em Maio de 2002 e desde então traduzido em15 línguas, entre elas português. A tradução japonesa é de Fumiko Ishioka.
Dados da edição portuguesa:
Karen Levine - A mala de Hana – uma história verdadeira - Lisboa, Terramar, 2005

Selecções Reader’s Digest – Abril 2004

pp. 32-39


____________________


SERENIDADE


A coragem moderna não passa por atos guerreiros ou atitudes de herói. A nova forma de bravura passa por conseguir dizer, sem violência nem agressividade, quem somos, aquilo em que acreditamos e o que queremos.

LAURINDA ALVES, in XIS/Público, Lisboa


domingo, 10 de maio de 2009

AO LONGE, AO LUAR


Ao longe, ao luar,
No rio uma vela
Serena a passar,
Que é que me revela?


Não sei, mas meu ser
Tornou-se-me estranho,
E eu sonho sem ver
Os sonhos que tenho.


Que angústia me enlaça?
Que amor não se explica?
É a vela que passa
Na noite que fica.


Fernando Pessoa - Cancioneiro



Imagem: Internet

quinta-feira, 7 de maio de 2009

COMO CRIAR UM DELIQUENTE



1- Comece na infância a dar ao seu filho tudo o que ele quiser.
Assim, quando ele crescer, ele acreditará que o mundo tem a obrigação de lhe dar tudo o que desejar.
2- Quando ele disser nomes feios, ache graça.
Você o convencerá de que é bonito falar ou fazer coisas desagradáveis.
3- Nunca lhe de orientação religiosa.
Outros o farão...E a orientação que os outros vão dar ao seu filho pode não ser aquela que você deseja...
4- Apanhe tudo o que ele deixar jogado...
Faca tudo para ele, para que aprenda a jogar sobre os outros toda a responsabilidade.
5- Discuta com freqüência na presença dele.
Assim não ficara chocado quando o lar se desfizer mais tarde.
6- De-lhe todo o dinheiro que ele quiser.
Nunca o deixe ganhar seu próprio dinheiro. Faca-o eternamente dependente de você.
7- Satisfaça todos os seus desejos de comida, conforto e bebida.
Faca com que não tenha controle, nem forca de vontade.
8- Tome partido dele contra vizinhos, professores, policiais.
Ele acreditara sempre estar certo, o resto do mundo errado.
9- Quando ele se meter em alguma encrenca, justifique: Ele é apenas uma criança! Não tem culpa...
Prepare-se para uma vida de desgosto. É o seu merecido destino.
Desconheço o autor
imagem: Internet

quarta-feira, 6 de maio de 2009

APRENDENDO A PERDOAR A SI MESMO



ALGUMAS PESSOAS PREJUDICAM OUTRAS E PEDEM PERDÃO, QUE PODE SER ACEITO OU NÃO; MAS HÁ ALGUMAS ATITUDES EM QUE O UNICO PREJUDICADO É VOCE MESMO. SE VOCE VIVE APONTANDO SEU DEDO INDICADOR CONSTANTEMENTE PARA SEU PROPRIO NARIZ, CUIDADO!
A CULPA VARIA DE ACORDO COM CRENÇAS E VALORES QUE CADA UM TRAZ CONSIGO DESDE A INFANCIA, E QUE MUITAS VEZES NAO CORRESPONDE MAIS AOS VALORES E CRENÇAS ATUAIS. CULPA, REMORSO, ARREPENDIMENTO, SAO INIMIGOS CONSTANTES DE ALGUMAS PESSOAS E TRAZ JUNTO A HUMILHAÇÃO, VERGONHA, O MEDO E A MAIOR CONSEQUENCIA: A AUTOPUNIÇÃO.
PERDOAR A SI MESMO TALVEZ SEJA UM DOS MAIORES DESAFIOS, POIS ESTA RELACIONADA COM A CAPACIDADE - LEIA-SE TAMBEM DIFICULDADE - QUE CADA UM TEM DE SE AMAR E SE ACEITAR. AS PESSOAS NAO AMAM POR ACREDITAREM TEREM FEITO ALGO MUITO TERRIVEL, ÀS VEZES ISSO ATE CORRESPONDE A VERDADE, MAS MUITAS VEZES NÃO.
ALGUMAS CHEGAM AO MAXIMO DE SE CULPAREM POR TEREM NASCIDO E SENTEM-SE COMO UM GRANDE FARDO. PARA COMPESAREM ESSA REJEIÇÃO SENTIDA EM ALGUM MOMENTO DE SUA VIDA, PASSAM A VIDA TENTANDO MOSTRAR AOS OUTROS O QUANTO SAO UTEIS, IMPORTANTES, COMO QUE PARA PROVAREM PARA SI PROPRIAS QUE SAO MERECEDORAS DA VIDA.
PROCURE OBSERVAR SE BUSCA APROVAÇÃO E RECONHECIMENTO DE PAIS, AMIGOS, DAS PESSOAS EM GERAL, SE ESTA SEMPRE A DISPOSIÇÃO DE TODOS, EM QUAE TUDO, PELA NECESSIADADE INCONSCIENTE DE AGRADAR, SER ACEITO, MAS QUE MUITAS VEZES, CONFUNDE-SE COM A DESCULPA DE QUERER AJUDAR E QUE NA VERDADE OCULTA A BUSCA PELO AMOR E ATENÇÃO.
POR EXEMPLO, AS PESSOAS POR NAO SE SENTIREM AMADAS QUANDO CRIANÇAS E NAO ACREDITAREM EM SI MESMAS PASSAM A IGNORAR OS PROPRIOS SENTIMENTOS E RECORREM A FUGA PELA COMIDA, COMO FORMA DE COMPESAÇÃO E OBTENÇÃO DO PRAZER. COM ISSO, SE CULPAM E COMO PUNIÇÃO, ENGORDAM.
NAO CONSEGUINDO ELIMINAR ALGUNS QUILOS, MAIS CULPAS E ASSIM, DESVIAM O FOCO DA ORIGEM DE TUDO PARA A COMIDA. O FOCO PASSA A SER EMAGRECER E NAO O QUE AS LEVOU ENGORDAR. NEGAM A SI MESMAS A SUBNUTRIÇÃO EMOCIONAL QUE SENTEM E QUE PODE LEVA-LÁS A SENTIMENTOS DE VAZIOS E FOME.
A COMIDA PASSA A REPRESENTAR UMA MANEIRA DE ALIMENTAR E PREENCHER UM VAZIO EMOCIONAL. OU SEJA, INCONSCIENTEMENTE DESVIAM A ATENÇÃO DOS PROBLEMAS PARA A NECESSIDADE DE EMAGRECER, OS PROBLEMAS CONTINUAM OU AUMENTAM POR NAO SEREM RESOLVIDOS E ACABAM CONSUMINDO MAIS CALORIAS DO QUE O CORPO NECESSITA, ENGORDAM, CULPAM-SE, PUNEM-SE, CRIANDO-SE ASSIM, UM CIRCULO VICIOSO.
O PERDAO OFERECE SAIDA PARA ESSE CIRCULO VICIOSO, COMO UMA ESCOLHA CONSCIENTE DE MUDANÇA. SERÁ QUE A VERDADEIRA CAUSA ESTA SENDO CONSIDERADO? DO CONTRARIO, TUDO TENDE A PIORAR. SERÁ QUE ESSA FOME, ESSE VAZIO, NAO SERIA NECESSIDADE, TAMBEM INCONSCIENTE, DE AMOR? É PRECISO PERCEBER QUE A COMIDA NAO SERÁ TRANSFORMADA EM AFETO, AMOR, MAS APENAS EM GORDURA QUANDO CONSUMIDA DE FORMA DESCONTROLADA. POR QUE NAO BUSCAR OUTRAS FONTES DE PRAZER?
UMA MANEIRA DE CULTIVAR A CULPA É ESTA SEMPRE EXIGINDO PERFEIÇÃO DE SI MESMO. A ANOREXIA E BULIMIA SAO EXEMPLOS DISSO. NUNCA HÁ SATISFAÇÃO CONSIGO MESMO, GERANDO CULPA, INSASTIFAÇÃO E UMA ENORME DIFICULDADE DE SE PERDOAR. TUDO QUE FAZ PODERIA SER MELHOR. NAO IMPORTA O QUE FAÇA OU CONQUISTE. OU O PIOR, NAO IMPORTA QUEM SE É , PARECE QUE NUNCA E O BASTANTE.
PARA SE LIVRAR DISSO TUDO FAÇA UMA LISTA DE TUDO AQUILO QUE VOCE SE CULPA, DAQUILO QUE FEZ E NAO FEZ. SEJA HONESTO CONSIGO MESMO. DEPOIS, PENSE SOBRE AS MOTIVAÇÕES QUE O FIZERAM FAZER CERTAS ESCOLHAS, AGIR DE DETERMINADA FORMA E, AO INVES DE SE CULPAR, PUNIR OU SE CASTIGAR, COMECE A LEMBRAR QUE MUITAS ESCOLHAS FORAM FEITAS PORQUE ERA O MELHOR QUE SE PODIA FAZER NAQUELE MOMENTO E QUE NA VERDADE, TUDO FOI AVALIADO COM VALORES DA EPOCA E QUE NEM SEMPRE SERAO OS MESMOS NESTE MOMENTO. NUNCA JULGUE SITUAÇÕES PASSADAS COM VALORES DO PRESENTE.
PARA PERDOAR-SE É PRECISO REVER TODAS SUAS CRENÇAS, VALORES, QUE MUITOS ESQUECEM QUE COM O TEMPO PODEM, E DEVEM, SE MODIFICAR. ANALISAR O QUE FEZ OU DEIXOU DE FAZER PARA PODER MUDAR E CRESCER É VALIDO, COMO SENTIR REMORSO PELA DOR QUE PODE TER CAUSADO A ALGUEM E PEDIR PERDÃO. MAS SE ESSE REMORSO COMEÇA A DOMINAR SUA VIDA, ESTARA ALIMENTANDO SEU PAPEL DE VITIMA E A AUTOPIEDADE. LIVRE-SE DISSO. VOCE DEVE APRENDER E CRESCER COM A EXPERIENCIA PASSADA E ISSO NAO QUER DIZER SE PUNIR ETERNAMENTE POR ALGO JÁ FEITO.
PERDOAR A SI MESMO EXIGE UMA COMPLETA HONESTIDADE E INTEGRIDADE PARA QUE SE ALCANCE A CURA DE TODOS OS MALES, DE TANTA FALTA DE AMOR-PRÓPRIO. É UM PROCESSO DE RECONHECER A VERDADE, ASSUMIR A RESPONSABILIDADE PELO QUE FEZ, APRENDER COM A EXPERIENCIA, RECONHECER OS SENTIMENTOS QUE MOTIVARAM DETERMINADOS COMPORTAMENTOS, ABRIR SEU CORAÇÃO PARA SI MESMO, OUVIR SEUS MEDOS, CURAR CERTAS FERIDAS E ISSO VOCE PODE CONSEGUIR SENDO AMOROSO E RESPONSAVEL CONSIGO MESMO.
VOCE PODE E DEVE SE LIVRAR DE CERTOS PADRÕES DE PENSAMENTOS E SENTIMENTOS. MUDE O QUE NAO ACREDITA MAIS,
LIVRE-SE DE TUDO QUE TE FAZ MAL, CURE A FERIDA QUE LHE DÓI, CURE SUA VIDA EMOCIONAL.
A VERDADEIRA CURA É FAZER AS PAZES CONSIGO MESMO.
O PODER CURATIVO DO PERDÃO E DO AMOR TALVEZ SEJA O REMEDIO MAIS PODEROSO QUE TEMOS. E ESTA NAS MAOS DE CADA UM DE NOS.
E VOCE PODE COMEÇAR COM VOCE MESMO.


texto e imagem: Internet

segunda-feira, 4 de maio de 2009

A FÁBULA DA ÁGUIA E DA GALINHA


Esta é uma história que vem de um pequeno país da África Ocidental, Gana, narrada por um educador popular, James Aggrey, nos inícios deste século, quando se davam os embates pela descolonização. Oxalá nos faça pensar sempre a respeito.
"Era uma vez um camponês que foi à floresta vizinha apanhar um pássaro, a fim de mantê-lo cativo em casa. Conseguiu pegar um filhote de águia.
Colocou-o no galinheiro junto às galinhas. Cresceu como uma galinha.
Depois de cinco anos, esse homem recebeu em sua casa a visita de um naturalista.Enquanto passeavam pelo jardim, disse o naturalista:
- Esse pássaro aí não é uma galinha. É uma águia.
- De fato, disse o homem.- É uma águia. Mas eu a criei como galinha. Ela não é mais águia. É uma galinha como as outras.
- Não, retrucou o naturalista.- Ela é e será sempre uma águia. Este coração a fará um dia voar às alturas.
- Não, insistiu o camponês. Ela virou galinha e jamais voará como águia.
Então decidiram fazer uma prova. O naturalista tomou a águia, ergueu-a bem alto e, desafiando-a, disse:
- Já que você de fato é uma águia, já que você pertence ao céu e não à terra, então abra suas asas e voe!
A águia ficou sentada sobre o braço estendido do naturalista. Olhava distraidamente ao redor. Viu as galinhas lá embaixo, ciscando grãos. E pulou para junto delas.
O camponês comentou:
- Eu lhe disse, ela virou uma simples galinha!
- Não, tornou a insistir o naturalista. - Ela é uma águia. E uma águia sempre será uma águia. Vamos experimentar novamente amanhã.
No dia seguinte, o naturalista subiu com a águia no teto da casa.
Sussurrou-lhe:
- Águia, já que você é uma águia, abra suas asas e voe!
Mas, quando a águia viu lá embaixo as galinhas ciscando o chão, pulou e foi parar junto delas.
O camponês sorriu e voltou a carga:
- Eu havia lhe dito, ela virou galinha!
- Não, respondeu firmemente o naturalista. - Ela é águia e possui sempre um coração de águia. Vamos experimentar ainda uma última vez. Amanhã a farei voar.
No dia seguinte, o naturalista e o camponês levantaram bem cedo. Pegaram a águia, levaram-na para o alto de uma montanha. O sol estava nascendo e dourava os picos das montanhas.
O naturalista ergueu a águia para o alto e ordenou-lhe:
- Águia, já que você é uma águia, já que você pertence ao céu e não à terra, abra suas asas e voe!
A águia olhou ao redor. Tremia, como se experimentasse nova vida. Mas não voou. Então, o naturalista segurou-a firmemente, bem na direção do sol, de sorte que seus olhos pudessem se encher de claridade e ganhar as dimensões do vasto horizonte.
Foi quando ela abriu suas potentes asas.
Ergueu-se, soberana, sobre si mesma. E começou a voar, a voar para o alto e voar cada vez mais para o alto.
Voou. E nunca mais retornou."

Existem pessoas que nos fazem pensar como galinhas. E ainda até pensamos que somos efetivamente galinhas. Porém é preciso ser águia. Abrir as asas e voar. Voar como as águias. E jamais se contentar com os grãos que jogam aos pés para ciscar.


Extraído de artigo publicado pela Folha de São Paulo, por Leonardo Boff, teólogo, escritor e professor de ética da UERJ.


imagem: www.cuidardoser.com.br/.../aguia-e-galinha.jpg

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